A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, reforçou o chamado por um mutirão global pela implementação dos acordos climáticos firmados na última década durante evento realizado na noite da última quarta-feira (13/8) no Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília (DF). A iniciativa “Fé no Clima” reuniu lideranças de diversas denominações religiosas para impulsionar o diálogo e a mobilização dessas comunidades na agenda de resiliência e justiça climática.
Segundo a ministra, “é preciso que o mundo comece a fazer” o que foi acordado entre os quase 200 países desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, para que a COP30 apresente “um novo marco referencial” para os próximos anos. A ideia do mutirão global é um dos pilares da estratégia de negociação da presidência brasileira da conferência.
“De alguma forma, a COP30 volta ao Brasil depois de ter nascido em 1992 no Rio de Janeiro”, pontuou. “Que nesse retorno de uma filha que nasceu e foi embora para muitos lugares, agora com essa maioridade de 30 anos, possa criar um caminho rumo à implementação dos acordos já assumidos.”
Para isso, Marina Silva reforçou que é preciso encaminhar um “mutirão” para limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5ºC e viabilizar os meios de implementação para que os países em desenvolvimento possam fazer uma transição justa e planejada para a, além da mobilização de US$ 1,3 trilhão para financiar a transição energética e ações climáticas em países em desenvolvimento.
O evento teve a participação da diretora-executiva da COP30, Ana Toni, e da fundadora do Center for Earth Ethics, a estadunidense Karenna Gore, também colíder do Balanço Ético Global (BEG) para a América do Norte.
Anunciado em junho deste ano pelo governo do Brasil, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Presidência da COP30, o BEG é um dos quatro eixos de mobilização da COP30 e apresenta um chamado mundial à ação climática rumo à conferência. Para isso, busca complementar as avaliações técnicas com reflexões sobre as implicações éticas relacionadas às negociações climáticas (saiba mais aqui).
Na avaliação de Ana Toni, a iniciativa será essencial para nortear o cumprimento dos acordos climáticos. “O Balanço Ético Global será a bússola que nos orientará sobre a melhor maneira de implementar as mudanças tecnológicas, de hábitos e de consumo”, ponderou.
Karenna Gore pontuou que “estamos despertando da ilusão da nossa separação”, uma vez que a degradação ambiental em um determinado lugar do mundo afeta o bem-estar de quem está em outros locais. “Nós todos pertencemos a esse lugar, a Terra, e só podemos cuidar de nós mesmos se cuidarmos uns dos outros”, mencionou.
O evento promovido pela iniciativa Fé no Clima, criada pelo Instituto de Estudos da Religião (Iser), reuniu representantes de diversos segmentos religiosos – evangélico, católico, judaico e de matriz africana. Também participaram lideranças indígenas, integrantes do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima e da Iniciativa Inter-religiosa pelas Florestas Tropicais (IRI Brasil).
Apresentação do BEG
No último sábado (9/8), a ministra também apresentou o BEG a cerca de 40 lideranças evangélicas, em São Paulo. “O Balanço Ético Global é para que a gente possa entender que a resposta técnica já existe. O que falta é o compromisso ético de ajudar os mais pobres, de usar nossa tecnologia para gerar vida, emprego, renda e moradia”, afirmou na ocasião.
A ministra explicou que o processo integra um dos quatro círculos de liderança da COP30 e afirmou esperar que a mobilização intensa da sociedade, “impulsionada pela pedagogia da dor, do prejuízo e do luto”, possa estabelecer um novo marco referencial.
Na oportunidade, Marina Silva defendeu a necessidade de se fazer um “mapa do caminho para a transição para o fim do uso de combustível fóssil”. “Essa COP tem que ser um novo caminho para os próximos 10 anos”, pontuou a ministra.
“Espero que a gente pense no Balanço Ético não como algo subjetivo, mas como algo muito objetivo, que sirva de base para que a gente faça o que precisa ser feito”, finalizou.
Sobre o BEG
Liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, o BEG ocorre a partir de Diálogos Regionais a serem realizados até outubro em diferentes continentes – o primeiro, representando a Europa, ocoreu em Londres no mês de junho – e de Diálogos Autogestionados, promovidos por organizações da sociedade civil e governos nacionais e subnacionais seguindo a mesma metodologia e princípios do processo central (saiba mais aqui).
Os encontros reúnem lideranças religiosas, políticas e empresariais, artistas, representantes de povos indígenas, comunidades locais e afrodescendentes, jovens, cientistas, formuladores de políticas públicas e ativistas. Os participantes são selecionados para refletir a diversidade de identidades, geografias, setores e visões de mundo.
Em cada região, um coorganizador ajudará a promover e articular os princípios, objetivos e operacionalização do BEG. São eles Mary Robinson (Europa), Michelle Bachelet (América do Sul e Caribe), Wanjira Mathai (África), Kailash Satyarthi (Ásia), Anote Tong (Oceania) e Karenna Gore (América do Norte).
O processo vai gerar seis relatórios regionais e um relatório-síntese, que na Pré-COP, em outubro, será submetido à Presidência da COP30 para consideração na formulação das decisões e envio a chefes de Estado e negociadores climáticos.
Os resultados contidos nos documentos serão apresentados em um pavilhão na Zona Azul da conferência com vídeos dos eventos, obras co-elaboradas nos Diálogos e possíveis produtos que surgiram em outros balanços éticos pelo mundo.
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