A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, participou nesta terça-feira (22), em Rio Branco (AC), da etapa Sumaúma da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas. Promovido pelos ministérios das Mulheres e dos Povos Indígenas (MPI) em parceria com a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), o encontro reuniu lideranças indígenas dos estados do Acre, Roraima, Amazonas e Mato Grosso, na sede da Comissão Pró-Indígena (CPI).
Ao lado da presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, e de outras lideranças indígenas, a ministra participou da cerimônia de abertura da conferência e acompanhou os debates sobre temas como Direito e Gestão Territorial, Emergências Climáticas, Políticas Públicas e Violência, Saúde, Educação e Transmissão de Saberes Ancestrais.
“A medida que as mulheres se juntam, elas discutem suas realidades, os números, as causas de tanta violência. E nós queremos que as mulheres se mobilizem e estejam cada vez mais conscientes e unidas para lutar contra qualquer tipo de violência. O Acre é um estado importantíssimo, apesar de pequeno, e só vai se desenvolver integralmente se as mulheres estiverem juntas”, afirmou a ministra.
Márcia Lopes também destacou o papel das conferências como espaço de escuta e articulação: “Cada estado desse país tem sua especificidade, cultura e modo de vida. E a Conferência é esse momento em que as mulheres se reúnem para falar das dificuldades, dos desafios, das potencialidades, daquilo que são capazes de fazer, produzir e sonhar”.
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, ressaltou a importância da presença indígena feminina na gestão pública: “Estamos deixando uma marca de uma gestão indígena, feita por uma mulher indígena, que está trazendo essa participação de forma mais permanente. Encontramos uma Funai desmontada, sucateada, mas estamos reerguendo, porque não desistimos da luta. A nossa raiz está forte, e cada vez mais fica mais forte, porque outras mulheres vão continuar essa caminhada”.
Para a coordenadora da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), Marinete Tucano, o momento representa o reconhecimento das lutas das mulheres da Amazônia: “Nós, mulheres da Amazônia brasileira, queremos viver, e não ‘morrer nos braços do amor’. Queremos que nosso território seja marcado por uma vida, porque afinal de contas somos nós, mulheres, que trouxemos a vida. Mas no Estado brasileiro somos invisíveis, somos subnotificadas dentro de toda estatística da violência, do emprego, de todos os empreendimentos. E é por isso que estamos aqui: para construir os nossos direitos ou fortalecer aqueles que já existem”.
A secretária nacional de Articulação e Promoção de Direitos Indígenas do MPI, Giovana Cruz Mandulão, ressaltou o caráter de escuta e mobilização coletiva. “Estamos na nossa última etapa regional, fazendo essa escuta. O que a gente vem pra cá é pra ouvir todas vocês. Vamos pensar juntas políticas públicas que possam ser concretizadas a partir dessas discussões”.
Já a secretária nacional de Gestão Ambiental e Territorial Indígena do MPI, Ceiça Pitaguary, enfatizou a força simbólica e política do encontro. “Minhas parentas, as propostas que nos guiam são sensíveis e necessárias: enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres indígenas, fortalecer políticas públicas de proteção e garantir a participação plena, livre e informada de cada mulher nos destinos de seu território, de seu povo e do Brasil. Aqui no Acre, as vozes da Amazônia ecoam urgência e resistência. Os nossos biomas estão ameaçados. A floresta vem sendo desmatada, os rios contaminados e os corpos territoriais violentados. Mas também é aqui que germina a esperança. E essa esperança tem rosto de mulher, de anciã, de jovem, de mãe, de liderança e de guardiã”, ressaltou Pitaguary.
Também presente, Juliana Alves, da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), reforçou a urgência das políticas construídas a partir das conferências. “Talvez a gente não esteja aqui para receber essas políticas no futuro, mas precisamos construí-las. Porque temos outras que virão. Eu preciso cuidar do futuro da minha neta, assim como de todas as que estão por vir”, ressatou Juliana, também conhecida como cacica Irê.
Etapas regionais
A etapa Sumaúma marcou o encerramento das etapas regionais da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, que terá sua plenária final em Brasília, entre os dias 16 e 20 de setembro. Todas as etapas preparatórias contaram com dois dias de programação que incluíram momento espiritual, debates temáticos por eixo, formação de grupos de trabalho, apresentação de propostas e escolha de representantes para a etapa nacional:
- Castanheira – Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins
- Sapopema – São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo
- Araucária – Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina
- Jurema – Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia-Norte
- Mangabeira – Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Bahia-Sul
- Sumaúma – Acre, Roraima, Amazonas e Mato Grosso
A etapa nacional, chamada Copaíba, tem a expectativa de reunir cerca de 5 mil mulheres indígenas dos seis biomas brasileiros, entre os dias 4 e 6 de agosto, em Brasília. Além da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, estão previstas a realização da IV Marcha das Mulheres Indígenas, com o lema “Nosso corpo, nosso território: somos as guardiãs do planeta”, e um grande Ato Político-Cultural.
Outras agendas
Durante a agenda na capital acreana, a ministra Márcia Lopes também participou da 4ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres e de reuniões com o governador do Acre, Gladson Cameli, e com movimentos de mulheres do Acre para tratar da ampliação das políticas públicas voltadas às mulheres no estado.
Fonte: Ministério das Mulheres