Há pouco mais de um ano, em 28 de maio de 2024, a Força de Proteção do Sistema Único de Assistência Social, a ForSUAS, foi instituída para atender as pessoas que estavam vivendo a maior tragédia climática já registrada no Rio Grande do Sul. A atuação da Força compôs as inúmeras medidas emergências adotadas pelo Governo Federal. O Fala MDS desta sexta-feira (06.06) traz relatos de pessoas atendidas pelo ForSUAS e de membros das equipes.
Márcia dos Santos é moradora de Porto Alegre e relembra: “Eu parei numa esquina que tinha um repuxo, eu não consegui andar. E aí bem na mesma hora veio um rapaz de jet-ski e aí ele me levou primeiro e depois levou meu marido. Aí a gente foi para uma balsa. Chegou na balsa, só larguei minhas coisas, continuei ajudando. Porque tinha muitos animais, muitas pessoas para ajudar. Eu passei quase três meses num abrigo”.
As situações vividas contribuíram negativamente para o quadro de depressão de Márcia, que tem sido acompanhada por profissionais do Centro de Referência de Assistência Social, o CRAS Ilhas, na capital gaúcha. Ela busca apoio das equipes que desde maio do ano passado estão focadas na recuperação emocional e social das vítimas da enchente.
“Eu estava há dez dias sem tomar banho, uma semana sem comer, sem tomar água. Então, a situação que eu me encontrava, a minha mãe percebeu que eu não estava nada bem e que eu precisava de ajuda. Eu estou conseguindo conversar, eu estou conseguindo botar para fora. Isso tudo começou aqui no CRAS”, conta Márcia em sinal de agradecimento.
Márcia tem sido ajudada pela psicóloga do CRAS Elaine Zinn. A profissional lembra como foi começar do zero o trabalho realizado pelo Centro. “O nosso CRAS também foi atingido, perdemos tudo, o CRAS agora é outro, foi reformado. Então era a dificuldade atender as pessoas que eram acompanhadas, era por telefone, nós ligávamos para saber como que as famílias estavam. Depois nós fomos trabalhar numa tenda do exército, atendendo as famílias, ajudando a fazer a senha GOV”.
A senha GOV que a Elaine Zinn se refere é um dos procedimentos necessários para o cadastro das vítimas que precisam de ajuda, inclusive para o ingresso em programas de transferência de renda, como o Bolsa Família. Estes serviços, como ela bem destacou, foram feitos em tendas improvisadas, pois o local onde o CRAS funcionava foi inundado.
“Entrou água na minha casa também. Eu estava lá ajudando e ao mesmo tempo preocupada se na minha casa ia entrar ou não Foi difícil para todo gaúcho”, observa Zinn.
A ForSuas foi responsável pela organização da rede de acolhimento e suporte à população afetada, pela coordenação de repasses financeiros, estruturação de alojamentos provisórios e mobilização de equipes especializadas para garantir a proteção social aos atingidos pelo desastre.
Jeanine Godói é assistente social e uma das integrantes da ForSUAS no Rio Grande do Sul. Ela destaca a relevância da atuação da Força de Proteção do SUAS no estado. “Tu tá na no olho do furacão, sabe o que precisa fazer, mas não faz algo protocolar. Isso que a Força veio fazer. Veio dar a diretriz e o protocolo de como atuar”.
A ForSUAS mobiliza recursos humanos, tecnológicos, materiais e logísticos para apoiar os municípios que estão numa situação de calamidade pública ou emergência. O diretor do Departamento de Proteção Social Especial do MDS, Regis Spíndola, ressalta que a Força é uma mobilização solidária entre os entes Federados. “O município que está apoiando, ou seja, que está enviando equipe, amanhã pode ser um que também sofre uma situação de vulnerabilidade, e passa a ser um município que recebe essas equipes. Então a gente também provoca uma cooperação entre os entes nesse espírito de solidariedade, nesse espírito de apoio”, completa.
Após atuação inaugural no Rio Grande do Sul, a ForSUAS ganhou abrangência nacional e atualmente há esquipes trabalhando também no Acre, Amazonas, Alagoas, Piauí, nas cidades mineiras de Belo Horizonte e Confins e em Fortaleza, no Ceará.
Podcast
O Fala MDS tem episódios semanais, publicados às sextas-feiras, e está disponível nas plataformas Spotify, Amazon, Deezer, Apple Podcasts e SoundCloud. O podcast também é distribuído às rádios de todo o país que queiram veiculá-lo.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome