25/10/2017 11h50
Processo corre em segredo de justiça
Por: Dora Nunes
Familiares da médica Nislaine Colman Benites, morta a tiros dia 14 de dezembro de 2016 pelo ex companheiro, estão em frente ao Tribunal do Júri, anexo ao Fórum, em Ponta Porã, fazendo oração pela condenação do autor do crime que chocou a sociedade fronteiriça.
A reportagem do site Pontaporainforma esteve no local, porem não foi permitido acesso de nenhum veículo de imprensa visto que o processo corre em segredo de justiça. Foi permitido acesso ao tribunal somente das pessoas que estão na lista de depoimentos ou aquelas convocadas pelo juiz da 1ª Vara Criminal, Dr. Eguiliel Ricardo da Silva.
Informações extra oficiais, são de que o julgamento do corretor imobiliário Rafael dos Santos, de 35 anos, assassino confesso da médica Nislaine Colman Benites, será dia 01 de novembro, às 13h.
A mãe de Nislaine inicialmente chamada para testemunhar e depois retirada da lista disse ao Jornal Midiamax que o ex-genro a teria procurado para contar detalhes de como mataria a sua filha.
Dona Neusa contou que no dia 6 de novembro de 2016 Rafael teria a procurado e dado detalhes de como mataria Nislaine. “Ele disse que tinha R$ 100 para mandar matar minha filha, mas que preferia fazer com as próprias mãos”.
Ainda de acordo com a mãe da médica, Rafael também teria dito que após matar a ex, a mataria e depois a filha de 6 anos e cometeria o suicídio.
Três testemunhas foram ouvidas, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e a babá da filha da médica.
RELEMBRE O CASO:
Numa quarta-feira, dia 14 de dezembro de 2016, a jovem médica Nislaine Colman Benites de 31 anos, havia acabado de chegar no posto de saúde Dr Nery de Azambuja, localizado no Jardim Marambaia e estava na cozinha tomando café quando avistou o ex companheiro chegar armado. A vítima correu e trancou a porta, mas o autor deu um tiro na porta, entrou e executou a jovem médica com 3 tiros.
Rafael dos Santos, de 35 anos, foi identificado como o autor do crime. Após cometer o assassinato, o corretor imobiliário fugiu deixando cair seu capacete. Nislaine é filha do vereador de Ponta Porã, Marquinhos. Ela atuava como médica no posto de saúde no programa Mais Médicos. Os funcionários do posto, bem como os pacientes, ficaram estarrecidos com a violência do crime.
Rafael dos Santos foi preso por volta das 18 horas do mesmo dia em que cometeu o assassinato, na região da colonia Aquidaban Cañada situada a 60 quilômetros da fronteira no Paraguai.
Após o crime, agentes da polícia do país vizinho iniciaram fiscalizações e abordagens de veículos e pessoas nas estradas que saem da região de fronteira a outros estados do Paraguai.
Durante depoimento na quinta-feira (15), Rafael dos Santos tentou ‘explicar’ os motivos para ter assassinado a ex-companheira, Nislaine Colman Benites, de 31 anos, em um posto de saúde onde ela estava trabalhando como médica. À polícia, o matador disse que era ‘humilhado’ pela vítima. No entanto, ela já tinha terminado o relacionamento com ele.
Segundo o relato de Rafael, depois que Nislaine se formou em medicina, teria passado a desprezá-lo dizendo que ele não seria homem para ela. Ainda em depoimento, o autor afirmou que teria descoberto que Nislaine estava tendo um caso extraconjungal com um enfermeiro que trabalha no mesmo posto de saúde. Como ele a matou, não é possível confirmar a versão com a mulher.
Por causa da descoberta, o casal teria se separado há um mês, ainda segundo a versão de rafael. “Eu não poderia aceitar que ela levasse o enfermeiro para a casa que construímos juntos e vivesse com ela e nossas filhas”, afirmou na delegacia como ‘justificativa’.
Culpa não é da vítima, é do assassino
A diferença salarial, segundo o autor, era grande porque a médica ganhava R$ 30 mil. São comuns em casos de feminicídios as tentativas dos assassinos de culpabilizar as vítimas, como se alguma coisa que a mulher tenha feito justificasse o crime. Segundo especialistas e militantes da luta pela igualdade entre os gêneros, na verdade o sentimento de posse que alguns homens nutrem pelas mulheres é a verdadeira causa das mortes.
Wânia Pasinato, socióloga, pesquisadora e consultora da ONU Mulheres no Brasil, diz que os estereótipos de gêneros são usados na tentativa de ‘explicar’ os crimes de forma a tentar culpar a vítima pela violência sofrida. “Os polos acabem se invertendo para colocar a mulher como a responsável pela violência que sofreu. Busca-se então enquadrar a mulher nos moldes de gênero, verificar se ela é uma boa mãe, uma mulher comportada, e também como se vestia, por onde transitava”, explica no Dossiê Feminicídio, da Agência Patrícia Galvão
Em entrevista a radialistas de Pedro Juan Caballero, para onde foi levado após ser preso , perguntado se estava arrependido de ter executado Nislaine com três tiros, Rafael afirmou: “Eu sinto muito, mas ela plantou e ela colheu”.




