Márcia Lopes: ‘Estamos reconstruindo caminhos. Não é simples, mas é possível’

A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, desembarcou em São Paulo/SP para participar do seminário “Mulheres: Avanços e Retrocessos da Luta Feminista”, promovido pela deputada federal Juliana Cardoso nesta sexta-feira (4), na sede do Sindicato dos Engenheiros. No encontro, a ministra fez um resgate histórico dos avanços nos direitos das mulheres e também dos retrocessos após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. “A intenção, de fato, foi o desmonte do controle social, dos conselhos, das políticas públicas, tudo foi desmobilizado”, enfatizou.

Márcia Lopes abordou as dificuldades de se enfrentar a misoginia, o machismo, a transfobia, a discriminação e o racismo, e apontou caminhos potentes para avançar nesta pauta. “Ampliar o acesso das mulheres às políticas públicas, valorizar os movimentos sociais, ter um absoluto respeito, acolhida e escuta a todos os movimentos feministas é o caminho. Somos 52% da população e, quando administramos, comandamos, discutimos e implementamos políticas para as mulheres, nós estamos fazendo isso para o conjunto da população brasileira. Quando cuidamos, asseguramos e transformamos a vida das mulheres, nós transformamos a vida da sociedade”, frisou.

Entre as conquistas mais recentes, ela pontuou a Lei de Igualdade Salarial (Lei nº 14.611/2023) – que completou dois anos em 3 de julho – e demonstrou com dados as discrepâncias salariais e laborais entre mulheres e homens. A Política Nacional de Cuidados (Lei nº 15.069/2024), que, entre outras medidas, retira a sobrecarga exclusiva das mulheres neste trabalho não remunerado, foi outro avanço apontado pela ministra. Por fim, ela falou sobre a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres (5ª CNPM), que será realizada de 29 de setembro a 1º de outubro de 2025.

“Tenho ficado emocionada com as falas queouço nos fóruns de mulheres quilombolas, negras, catadoras de recicláveis, mulheres pescadoras e marisqueiras, e das sindicalistas. Tenho participado também das conferências em alguns municípios e, com escuta qualificada e valorização dos movimentos de mulheres, estamos reconstruindo caminhos. Cada grupo de mulheres é um universo que demanda atenção e políticas específicas para serem eficazes. Não é simples, mas é possível”, disse a ministra. 

A deputada Juliana Cardoso agradeceu a participação da ministra e sua comitiva “pela escuta e encaminhamento dos pleitos para que sejam organizados e transformados em políticas públicas”. Ela também destacou os desafios e avanços dos conselhos de mulheres nos municípios paulistas e ressaltou a importância de se ouvir todas as mulheres. “Vamos juntas nessa caminhada fazendo essa transformação com as minhas parentes indígenas que chegam aqui comigo, com as nossas ancestralidades para poder também dar essa bênção das nossas ancestrais e fazer muita escuta e com muita colaboração coletiva”.

A programação contou com a participação da secretária Nacional de Autonomia Econômica (Senaec/MMulheres), Rosane Silva; da filósofa Márcia Tiburi; da socióloga e pesquisadora Maria do Carmo Guido; da presidenta do Conselho Indígena, Avani; Márcia Lysllane, que falou sobre saúde mental das mulheres; Bianca Zorzam, que falou sobre violência obstétrica e a campanha “Criança Não é Mãe”; Marina Ganzarolli, que debateu sobre  misoginia e enfrentamento à violência digital contra todas as mulheres; e Juliana Borges, que falou sobre comunicação feminista e estratégias de enfrentamento.

Outras agendas

A ministra também esteve reunida com representantes do Conselho Estadual da Condição Feminina (CECF). O colegiado foi criado em 1986 e atua na formulação de diretrizes, fiscalização de políticas e defesa dos direitos das mulheres em diferentes esferas. 

Encerrando a passagem por São Paulo, Márcia Lopes participou de encontro com o presidente do Sport Club Corinthians, Osmar Stabile, para fortalecer a parceria do clube com o Ministério das Mulheres no enfrentamento à violência de gênero.

“Vamos reafirmar as parcerias que o Ministério das Mulheres já tinha com o Corinthians, com ações de prevenção à violência contra as mulheres. E vamos desenvolver ações de formação voltadas às servidoras do clube e do entorno da arena. O Corinthians é um aliado importante nessa causa, e agradecemos esse compromisso ético e político do clube”, afirmou a ministra, destacando também a importância do esporte no país. “O futebol feminino nos orgulha muito e o esporte tem uma dimensão essencial na vida das crianças, da juventude, das mulheres, de toda a sociedade. Vamos fazer muitas parcerias, dando continuidade ao que já fizemos: feminicídio zero, prevenção à violência. Vamos fazer do esporte uma dimensão de realização da vida das pessoas, em especial das mulheres”.

O presidente do Corinthians reforçou o apoio do clube: “Fico muito orgulhoso de receber a ministra para essa agenda tão importante. O Corinthians está à disposição. Estamos juntos! Vai Corinthians!”, destacou Osmar Stabile.

 

Fonte: Ministério das Mulheres