Avanço nos preços do café nesta quarta-feira (16)
Os preços do café iniciaram esta quarta-feira (16) em alta nas bolsas internacionais, com destaque para o café arábica, que registrou valorização superior a 2% nos contratos futuros mais próximos. Apesar da recuperação momentânea, o mercado segue marcado por forte volatilidade e baixo volume de negociações, influenciado principalmente pelas incertezas em relação à política comercial dos Estados Unidos.
Tarifas de até 50% ameaçam exportações brasileiras
Segundo a agência Reuters, a instabilidade nos preços do café está diretamente relacionada à ameaça do governo norte-americano de implementar tarifas de até 50% sobre quase todas as importações do Brasil a partir de 1º de agosto. Caso a medida entre em vigor, poderá interromper quase totalmente os embarques de café brasileiro para os EUA, já que, de acordo com especialistas, o país não conseguiria suprir sua demanda com volumes e preços semelhantes vindos de outras origens.
Setor americano tenta reverter decisão
A National Coffee Association (NCA), entidade que representa a indústria cafeeira dos Estados Unidos, está articulando negociações com o governo Trump para tentar excluir o café brasileiro da lista de produtos que sofrerão as novas tarifas. A NCA destaca que o café é amplamente consumido no país – 76% dos americanos bebem a bebida – e que a indústria movimenta valores expressivos: cada dólar investido em café verde importado gera US$ 43 na economia dos EUA, somando US$ 343 bilhões em impacto econômico e gerando 2,2 milhões de empregos.
Oscilação nos contratos futuros
Por volta das 9h (horário de Brasília), os contratos do café arábica apresentavam oscilação nos principais vencimentos:
- Julho/25: queda de 410 pontos, cotado a 301,60 cents/lbp
- Setembro/25: alta de 630 pontos, a 303,65 cents/lbp
- Dezembro/25: avanço de 605 pontos, a 296,30 cents/lbp
Já o café robusta operava com movimentações mistas:
- Julho/25: queda de US$ 111, a US$ 3.710/tonelada
- Setembro/25: alta de US$ 20, a US$ 3.428/tonelada
- Novembro/25: valorização de US$ 24, a US$ 3.383/tonelada
Cepea aponta cenário de incertezas para o setor
Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que o anúncio do aumento tarifário por parte dos EUA, de 10% para 50%, trouxe ainda mais instabilidade ao mercado global da commodity. O Brasil, principal exportador mundial de café arábica e responsável por cerca de 25% das importações norte-americanas, será diretamente impactado, especialmente em relação ao escoamento da safra atual.
Concorrência e realocação de mercados
Enquanto o Brasil poderá enfrentar obstáculos, outros países produtores permanecem isentos ou com tarifas mais baixas. A Colômbia, segundo maior fornecedor de café aos EUA, segue sem taxação adicional, e o Vietnã, principal exportador de robusta, mantém tarifa de 20%. Embora o Brasil conte com outros mercados consumidores, inclusive o interno, pesquisadores do Cepea alertam que uma realocação rápida da produção seria complexa, dada a relevância e o dinamismo da indústria de torrefação norte-americana.
Perspectivas e negociações
Diante desse cenário, o mercado segue atento aos próximos desdobramentos das negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Até que haja uma definição clara sobre o futuro das tarifas, a tendência é de que a volatilidade persista tanto nos mercados internacionais quanto no interno.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio