Mestre no Governo do Estado ganha mais que Doutor na UFMS

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

De acordo com o edital, o cargo para professores com doutorado, um dos maiores níveis de graduação, tem remuneração no valor de R$14.288,85

O Concurso Público para Professor de carreira do Magistério Superior na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, que abriu 567 vagas em diversas áreas e municípios do Estado levantou questões com relação à remuneração dos profissionais. 

De acordo com o edital, o cargo para professores com doutorado, um dos maiores níveis de graduação, tem remuneração no valor de R$14.288,85, que é destrinchado da seguinte forma:

Vencimento Básico Inicial: R$6.180,86
Retribuição por Titulação de Doutorado: R$7.107,99
Auxílio-Alimentação: R$1.000
No entanto, de acordo com a tabela de remuneração de professores divulgada no mês de Maio pela Federação dos Trabalhadores em Educação em Mato Grosso do Sul, um magistrado com título de Mestre, têm salário base inicial de R$14.306,50, podendo chegar a R$29.242,53.

Os valores comparados são para os professores que trabalham com dedicação exclusiva, ou seja, 40 horas semanais. 

Se colocarmos em níveis percentuais, considerando o salário inicial, a diferença oferecida entre a UFMS e a tabela estadual da FETEMS, pode-se dizer que o governo federal paga 0,12% menos aos doutores do que o estadual aos seus mestres. 

Mestrado e doutorado
Estudantes que finalizam sua graduação podem escolher continuar a carreira de estudos e seguir desenvolvendo pesquisas e formulações de teses e hipóteses em determinado tema. Essa primeira investigação aprofundada em um tema específico concede o título de mestre ao aluno. 

Após esse passo, o acadêmico tem a opção de continuar estudando ou não. Nessa próxima etapa, sua pesquisa precisa gerar um novo conhecimento científico, uma contribuição inédita a respeito de um tema. Após isso, concede-se o título de doutor ao pesquisador. 

Um mestrado geralmente leva cerca de dois anos para ser concluído, enquanto um doutorado pode levar de quatro a cinco anos. 

Sabendo disso, volta-se o fato da desvalorização do professor com título de doutor pela UFMS, pela desvalorização do salário e do reconhecimento. 

A diferença salarial também atinge os mestres. De acordo com o concurso, os especialistas com título de mestrado receberão R$4.363,04 por 20 horas semanais. 

Pela tabela da FETEMS, o mesmo cargo com a mesma carga horária pago pelo governo do Estado varia de R$7.153,25 a 14.621,26, por planos de progressão de carreira e classes.

Isso revela uma diferença de 64% entre os salários das instituições para os mesmos cargos e mesma carga horária. 

Decreto
Em 30 de abril, o presidente Lula assinou o Decreto 12.44/2025, que permite ao Ministério da Educação (MEC) a restrição de repasse de recursos às instituições federais e liberar, até novembro, somente 61% do orçamento. 

Na época, os reitores das universidades federais presentes em Mato Grosso do Sul afirmaram estar de “mãos atadas” diante da falta de recursos para manutençpão das universidades federais e dos institutos de ciência e tecnologia que seriam afetados com o o corte. 

O MEC culpou os governos anteriores pela medida. 

“A necessidade de manutenção de infraestrutura das universidades federais não é um desafio atual e decorre da política implementada nos últimos anos, desde 2016 a 2022, que reduziu drasticamente os valores para manutenção e investimentos nas instituições federais de ensino superior.”

O decreto afetou o repasse mensal de verba para as instituições. Antes, os cofres públicos repassavam mensalmente dinheiro às universidades. Agora, o montante chegará em três momentos, sendo dois deles no fim do ano, nos meses de novembro e dezembro.

A maioria das instituições argumenta que, dessa forma, ficará impossível pagar contas mensais como água, luz, bolsas estudantis e restaurantes universitários.

Em maio, em reunião com reitores e reitoras das universidades federais e Institutos Federais, o ministro de Estado da Educação, Camilo Santana, anunciou a recomposição orçamentária e regularização dos repasses para custeio de janeiro a maio.

 “Nós vamos garantir a recomposição orçamentária no valor de R$ 400 milhões, acima do que foi cortado do orçamento. Nós também vamos regularizar a questão do financeiro até o mês de maio, quando se deixou de repassar para universidades e institutos federais algo em torno de R$ 300 milhões”, disse. 

Outro anúncio foi acerca do limite anual de orçamento dos institutos e universidades federais que, a partir de junho, voltará a ser de um doze avos (1/12), ao invés da medida adotada em março, que restringia o uso do orçamento a 1/18 do total previsto para o ano na Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025. 
 

Fonte: Correiodoestado