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quinta-feira, 28 de março, 2024
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Meu filho tem um amigo imaginário. E agora?

Se a sua criança tem por volta de dois à sete anos de idade fique tranquilo, é natural. Mas afinal o que são os amigos imaginários?

O artigo de hoje escrevi com muito carinho, pois uma querida seguidora me sugeriu o tema. Todos fiquem à vontade para opinar que terei o prazer em contribuir.

Sobre os amigos imaginários quem nunca observou uma criança falando sozinha e ao perguntar do que se tratava obteve como resposta que estava falando com seu “amiguinho”. Você percebe que não passa da imaginação.

Por volta dos três anos à criança pode começar a ter o seu amigo imaginário, mas é mais comum por volta dos quatro anos de idade. Isso porque ela está no auge do período de representação simbólica. Segundo Piaget (um cientista que revolucionou à Educação) o desenvolvimento cognitivo das crianças ocorrem por estágios. E a função simbólica está no estagio Pré-Operatório (2 à 7 anos de idade), período em que as crianças fazem imitações, contam ações, representam fatos do cotidiano e da sua vida. Através do desenho, do jogo simbólico e da linguagem ela apresenta condutas de representação.

A brincadeira de faz de conta faz parte do dia a dia da criança neste período.  Brincam de super-heróis, falam com brinquedos sendo um processo natural.

O amigo imaginário (que pode ser invisível ou um objeto) é uma das formas que as crianças encontram para lidar com a realidade, elas buscam com esta criação externar as suas vontades e desejos. Criam essa companhia imaginária na maioria das vezes, por diversão ou para fugir de momentos de solidão, além disso, estes amiguinhos servem como apoio para a criança superar medos e também desenvolver a confiança. Para nossos pequenos é mais fácil falar de sentimentos e assuntos delicados por intermédio do amigo imaginário sendo ele um importante facilitador de comunicação.

Não é incomum quando fazem algo errado dizer que a culpa foi do “amiguinho”, alguns inclusive com nomes próprios. Segundo Ricardo Halpern, presidente do Departamento de Pediatria do Comportamento e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)Pode ser uma maneira de lidar com lacunas de relacionamento, de entender seus próprios sentimentos ou uma situação que está vivenciando, por exemplo, a separação dos pais ou a mudança de escola”, ainda afirma: “O amigo imaginário é um interlocutor que diz se o que ela está fazendo e pensando é certo ou errado, como um conselheiro”.

Essa companhia imaginária normalmente é uma fase de transição. Os familiares devem tratar com naturalidade, pois a situação é passageira. Caso ultrapasse os sete anos é importante buscar ajuda com psicólogos.

 Torna-se necessário destacar que não se deve repreender a criança ou dar castigos quando a mesma estiver falando sozinha, pois desta maneira você poderá incutir uma crença de insegurança, além do que elas podem recorrerem à mentiras para fugirem desta situação. Sendo assim, aconselho que entrem na brincadeira e aceitem este “novo membro” por um período. Vale lembrar que não precisa ficar falando com o amigo imaginário dela, já que ele é amigo apenas da criança, não seu. Desta forma não há necessidade de ficar reforçando de mais a presença dele. Em geral, a criança tem a consciência de que ele não existe de verdade, que vem da cabecinha dela.

É importante ser observado como é a interação com este amigo imaginário, pois se por acaso a criança ficar colocando sempre a culpa nele pode sinalizar uma fuga da própria responsabilidade, devendo assim ser realizado uma intervenção através da conversa, mostrando que devemos nos responsabilizar por nossos atos, ressaltando a honestidade em suas atitudes.

A fim de explicar este assunto de uma maneira lúdica é interessante apresentar histórias e filmes com esta temática. O filme do Pinóquio não deixa de ser um clássico que retrata bem o assunto. Caso a criança não aceite elogios e remeta todos ao amigo imaginário pode indicar baixa autoestima.

 Essa questão é natural, porém é importante a criança ficar na companhia de outras crianças, por isso incentive as brincadeiras e interações.

Existem livros, desenhos, tirinhas que tratam desse tema, o que facilita sua compreensão. Segue algumas sugestões:

No filme Mansão Foster para Amigos Imaginários (Mac é um menino de 8 anos que é obrigado pelos pais a abandonar Bloo, seu amigo imaginário. Para não desaparecer, ele muda-se para uma mansão onde vivem vários companheiros “invisíveis”.

No livro Memórias de Um Amigo Imaginário– é narrado sob o ponto de vista do amigo imaginário do garoto autista Max. É uma história cheia de sensibilidade, essencialmente sobre o poder de um amigo, seja ele real ou não.

No filme Uma Família em Apuros –As  aventuras de Barker, 5 anos, e seu canguru imaginário é uma boa oportunidade para entender esse momento de transição entre fantasia e realidade.

Portanto, lembre-se que ter um amigo imaginário nessa faixa etária significa que sua criança tem uma boa capacidade de imaginação e criatividade. Não ignore, mas também não supervalorize. Assim como ela largou as fraldas, o paninho ou o ursinho também vai parar de falar nele. O tempo é variável podendo ser meses ou anos, mas o importante que não ultrapasse os sete, ou oito anos. Quando ocorre com crianças mais velhas alguns psicólogos informam que pode indicar  perturbação psíquica, tristeza ou solidão, por isso, é necessária a avaliação.

O amigo imaginário é importante para o desenvolvimento infantil e desaparece quando os pequenos não tiverem mais necessidade de tê-lo por perto!

 Deus abençoe e até a próxima semana,

Juliana Rauzer da S. Sousa

Pedagoga/Psicopedagoga/Especialista em Educação Especial

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