Ministério do Trabalho e Emprego identifica aumento de acidentes de trabalho no Brasil

Dados apresentados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), durante a live da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (CANPAT), realizada nesta segunda-feira (28), revelam um cenário persistente e preocupante. A apresentação marcou o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho (27 de julho) e teve como base informações extraídas do e-Social, em uso desde 2022, e do INSS, podendo apresentar variações conforme os critérios de extração e consolidação.

Desde 2021, o número de acidentes de trabalho no Brasil segue em alta. Houve crescimento de 12,63% entre 2021 e 2022; 11,91% de 2022 para 2023; e 11,16% de 2023 para 2024. No comparativo entre os primeiros semestres de 2024 e 2025, o aumento foi de 8,98%. Embora o ritmo de crescimento tenha diminuído, os dados confirmam a tendência de elevação contínua e evidenciam a urgência de ampliar políticas públicas e ações preventivas voltadas à saúde e segurança nos ambientes de trabalho.

“No Brasil, a dificuldade de mensurar a quantidade real de acidentes do trabalho decorre, dentre outros fatores, da subnotificação, falta de padronização de procedimentos nas extrações dos dados e ausência de sistema de registro unificado”, destacou a coordenadora-geral de Fiscalização em Segurança e Saúde no Trabalho, Viviane de Jesus Forte. “Existem indícios de que uma parcela significativa das ocorrências registradas como de natureza previdenciária tem, na verdade, origem acidentária”, completa.

Jovens de até 34 anos concentram 33,63% das mortes por acidentes de trabalho típicos no Brasil, revelando o alto impacto entre a população em plena idade produtiva e apontando consequências sociais, econômicas e familiares. Os dados mais recentes também indicam que as partes do corpo mais atingidas refletem falhas básicas na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) nas empresas, como a ausência ou uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Embora os setores com maior número de acidentes e óbitos variem, a análise por  Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)  deve ser feita com cautela, já que os rankings se baseiam em números absolutos, sem considerar o total de trabalhadores em cada área.

Em 2025, a maioria dos acidentes de trabalho resultou em afastamento das atividades. Apenas 25,62% dos trabalhadores acidentados seguiram trabalhando normalmente, enquanto 62,35% precisaram se afastar por até 15 dias e 12,03% ficaram mais de 15 dias afastados. Os dados evidenciam o impacto significativo dos acidentes na saúde dos trabalhadores e na produtividade das empresas.

De acordo com o coordenador da CANPAT, José de Almeida Jr., essas informações divulgadas durante a live reforçam a necessidade de fortalecer os instrumentos de prevenção dentro das empresas, como a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), bem como aprimorar o sistema nacional de registro e acompanhamento de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Os dados apresentados reforçam a necessidade de intensificar ações preventivas, especialmente nos setores com maior incidência de acidentes, como construção civil, transporte, saúde e agropecuária. Esses segmentos demandam gestão rigorosa de riscos e a implementação efetiva de medidas de segurança para a proteção dos trabalhadores.

Além do diretor do Departamento de Segurança e Saúde, Rogério Araújo, e da coordenadora-geral de Fiscalização em Segurança e Saúde no Trabalho da Secretaria de Inspeção do Trabalho, a live contou com representantes da Associação Brasileira das Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho (ABRESST), Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Associação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho (ANATEST), Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho (ANEST), Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), Federação Nacional dos Técnicos de Segurança do Trabalho (FENATEST), Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), Ministério Público do Trabalho (MPT) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

Clique aqui para assistir à live especial do Dia Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho – CANPAT 2025. 

Veja também o ranking por Unidade da Federação da Taxa de Acidentes (acidentes por 100 mil trabalhadores) – 1º semestre de 2025:

UF Total de Acidentes  Total de Óbtos Total de Trabalhadores
(30/6/2025)

Taxa de CAT
(acid./100.000)

RS 30.973  105 2.850.142 1.087
SC 27.339 113 2.610.178 1.047
PR 31.307 180 3.276.594 955
ES 8.760 40 928.413 944
MS 6.120 28 674.753 907
SP 132.059 403 14.634.922 902
MT 8.052 78 962.433 837
MG 37.840 169 4.967.440 762
RO 2.191 19 299.038 733
AM 4.016 16 558.598 719
GO 11.245 81 1.588.359 708
RR 542 –  82.848 654
RJ 24.414 102 3.813.114 640
DF 6.138 26 1.038.052 591
CE 8.093 29 1.376.353 588
TO 1.366 16 235.655 580
PA 5.398 36 969.137 557
PE 7.612 45 1.490.559 511
AC 527 9 107.935 488
BA 10.406 77 2.132.658 488
PB 2.440 24 529.723 461
RN 2.420 16 530.774 456
SE 1.538 13 340.349 452
MA 2.640 23 609.570 433
AP 395 –  99.732 369
PI 1.435 15 368.089 390
AL 2.118 10 433.822 488

Ocupações com maior número de óbitos registrados:

Ocupação CBO
Motorista de Caminhão 7825-10
Trabalhador de Cultura de Cana-de-Açucar 6220-05
Pedreiro 7152-10
Servente de Obras 7170-20
Vaqueiro 6220-40
Técnico se Enfermagem 3222-05
Alimentador de Linha de Produção 7842-05
Mecânico de Manutenção de Máquinas 9113-10
Eletricista de Instalações 7153-15
10º Trabalhador de Tratamento Térmico e Químico 8414-10

 

Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego