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quinta-feira, 25 de abril, 2024
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Moedas também formam fortunas, por Wilson Aquino

Wilson Aquino*

O ser humano é mesmo incrível. Na sua luta pelo aperfeiçoamento pessoal e profissional, busca o sucesso mirando em grandes metas a serem alcançadas e não dá valor às pequenas conquistas que alcança ao longo do caminho. Se esquece que todo avanço, toda realização, mesmo que pequenina, é importante.

Muitos passam a vida lutando e produzindo pequenos feitos, que no final lhes dão a certeza do dever cumprido em questões pessoais, sociais, profissionais, familiares e espirituais.

Outros, mesmo conseguindo grandes avanços, chegam a determinado ponto na vida em que se sentem frustrados por não conquistarem mais e mais.

Depois de alguns anos de casado, observei que minha esposa estava um tanto frustrada por não termos conseguido, naquela ocasião, a tão desejada reforma de nosso apartamento. Ela achava que somente depois disso poderia desfrutar plenamente da tranquilidade no lar. Também achava que a conclusão de sua faculdade de Direito a ajudaria nesse processo de realização pessoal.

Foi um trabalho de amor e paciência até ela entender que deveria valorizar e curtir tudo o que tínhamos ao nosso dispor em todos os momentos de nossas vidas.

Ainda me lembro quando a vi nervosa em casa por conta das reformas que não aconteciam. Me lembro de tê-la chamado até a sala onde estava sentado, pedindo que também se sentasse e voltasse os olhos para o corredor do nosso apartamento para ver o jogo de quarto completo, embutido, que mandamos fazer em madeira nobre (marfim) o jogo de sapateira e armário, também até o teto, da mesma forma que no quarto de nossa filha. Investimos uma fortuna e já estava quitado. Assim como quitado também estavam as parcelas do financiamento que fizemos da nossa casa, nosso apartamento que definitivamente era agora, inteiramente nosso. Quando sentou pedi que avaliasse essas e outras pequenas conquistas que vínhamos obtendo ao longo de nossa vida conjugal.

Não demorou para que ela concordasse que éramos sim privilegiados em muitas questões. Passou a valorizar melhor as coisas à sua volta e deixou de se frustrar por aquilo que (ainda) não tínhamos.

Sempre encontro muitos que vivem assim, esperando conseguir coisas como uma casa, um emprego melhor, riqueza em abundância, consumar um casamento, obter o tão sonhado diploma de curso superior, para só então “viver plenamente e ser feliz”. Quanta ilusão! Não se pode perder tão precioso tempo de nosso cotidiano, desvalorizando a vida, só porque não se tem aquilo que se deseja.

As pessoas precisam entender que não podem adiar o prazer que a vida proporciona a cada um a cada amanhecer, somente porque não temos alguma coisa que desejamos. Coisas que nem sempre são de fato necessárias. E mesmo que o seja, insisto, nada impede da pessoa ser feliz agora como é e com o que tem.

Pois o mais importante é ter uma vida digna e honesta, alicerçada em bons princípios morais e espirituais, e de acordo com os mandamentos e ensinamentos de Deus.

E é Ele quem nos dá o maior exemplo de simplicidade, alegria e amor à vida. Foi por isso que enviou Seu filho, Jesus Cristo, para nos ensinar pessoalmente, como ser um bom ser humano. Cristo fez isso de maneira exemplar e nos deixou as Escrituras Sagradas para que não esqueçamos nunca de como fazer isso.

Em Lucas (12:15), um alerta: “Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui”.

Ele nos ensina que devemos louvar e enaltecer nosso Pai Celestial, criador de todas as coisas e essa lembrança deve ser permanente e constante na vida de todos. A cada amanhecer devemos ser gratos pelo privilégio que Ele nos dá de vivermos mais um dia.

No final, vencedor e realizado será todo aquele pai e/ou aquela mãe que criou, educou e encaminhou bem os filhos, sempre alicerçados em princípios morais e espirituais, para a vida. E não aquele que juntou grandes fortunas financeiras, imobiliárias ou de qualquer outra natureza, pois não é esse o sentido da vida.

*Jornalista e Professor