Por Samea Cabral, Desenvolvedora Tecnológica da Barenbrug do Brasil
26/11/2018 15h50 – DN
A pecuária brasileira passa por um período de transição entre a estação de seca e chuvosa. Sem dúvidas, o período de transição é uma das fases consideradas mais críticas para as pastagens e devemos ter total atenção no que se refere ao manejo, pois o objetivo é obter alta produtividade por área e melhor aproveitamento das forrageiras.
Durante este período, as pastagens se encontram com pequena ou nenhuma quantidade de folhas verdes, alta quantidade de colmos, grande quantidade de material senescente e reduzida relação folha e colmo. Dessa maneira, a forragem apresenta decréscimo no seu valor nutricional, isso porque ocorre aumento na concentração de material fibroso e, consequentemente, redução da digestibilidade da matéria seca e queda no teor de proteína, o que acarreta prejuízo ao consumo dos animais. Porém, com o início das primeiras chuvas, é possível notar o aparecimento de novas folhas, que nada mais é do que o rebrote da planta.
Alguns dos principais motivos para fazer o correto manejo da pastagem durante essa fase é promover maior quantidade de folhas em relação à de colmos, uma vez que a folha é a parte mais nutritiva da planta e mais interessante para o consumo do animal. Além disso, manter a pastagem com adequado valor nutricional, que varia de acordo com cada espécie forrageira, promover condições para a planta expandir novas folhas e manter a pastagem livre de invasoras. Para isso, se faz necessário a adoção de alguns cuidados que devem ser observados durante o manejo de transição.
É importante que seja feito o planejamento e estudo da(s) área(s). Nesta fase, o pecuarista deve proceder com um diagnóstico do qual terá como resultado, optar por reformar ou apenas recuperar a pastagem. Para áreas com grande infestação de invasoras e alta porcentagem de degradação, é indicado que seja feito a reforma, com todo seu procedimento correto, como análise de solo, preparo do solo, método de plantio adequado e escolha da forrageira mais adaptada ao clima e solo da região. No entanto, para áreas pouco infestadas e que apresentem bom stand de plantas forrageiras é necessário apenas a recuperação. Para melhor levantamento destas informações é indispensável o acompanhamento de um técnico habilitado.
A prática da roçada é muito comum no período de transição e tem sido utilizada como uma boa opção para pastos que apresentem grande quantidade de massa seca, a chamada “palhada”, e que dispõem de excessiva quantidade de colmos secos, que pode favorecer o atraso do rebrote das novas folhas.
Diante disso, há uma alternativa que também pode ser adotada: o aumento da taxa de lotação, apenas durante o período que antecede as primeiras chuvas, já que o objetivo é rebaixar a forrageira em áreas que passaram do momento correto de entrada dos animais e que apresentam grande acúmulo de massa forrageira com presença de muito material morto. Assim, os animais podem aproveitar o que seria retirado e desperdiçado com o uso da roçada mecânica, proporcionado a formação de um novo pasto com a chegada da estação chuvosa. Nesse caso, deve-se atentar para não ultrapassar o resíduo da planta, necessário para que ela se reestabeleça na rebrota seguinte.
De maneira geral, para gramíneas do gênero Brachiaria, o resíduo exigido seria em torno de 20 a 25 cm, e gramíneas do gênero Panicum, em torno de 40 a 45 cm. Vale ressaltar que, gramíneas, que tem como característica apresentar elevado alongamento de colmo, como o caso capim Mombaça, durante o período de transição apresenta grande quantidade de hastes secas, formando uma barreira física ao animal, dificultando o bocado.
Erroneamente, é costume de alguns produtores aumentar taxa de lotação logo após as primeiras chuvas, antes que a planta estabeleça por completo a parte aérea, o que pode afetar o desenvolvimento da forrageira. No entanto, deve-se observar que no início do período das águas, a quantidade de animais não deve exceder a lotação mantida no fim do período da seca, atentando-se para a altura de entrada, que por sua vez, vai mudar de forrageira para forrageira. Após a estabilidade das chuvas, um novo ajuste de carga deve ser feito, tomando-se o cuidado de não exceder a capacidade de suporte das pastagens.
Em caso de adoção da operação de roçada é interessante prosseguir com o controle das plantas invasoras, pois em média de 45 a 60 dias a depender das incidências de chuvas, as plantas invasoras estarão rebrotando novamente, época ideal para o controle por meio da aplicação de herbicidas específicos, de acordo com o diagnóstico para cada área, apresentado por um técnico.
Durante a fase que se iniciam as primeiras chuvas, deve-se fazer a adubação de manutenção. Recomenda-se adubação nitrogenada, com o intuito de aumentar a produção de matéria seca e a disponibilidade de forragem. Esta, por sua vez, deverá ser feita de forma fracionada, evitando a perda de nitrogênio. Neste caso, é recomendável utilizar sulfato de amônio em vez da utilização de ureia, para que seja reduzido ao máximo essa perda. Mudança na estação do ano é sinônimo de mudança no manejo.
Sobre a Barenbrug Brasil
A Barenbrug do Brasil é uma empresa do Royal BarenbrugGroup, com mais de cem anos de vida, pioneira e líder mundial no segmento de sementes forrageiras. É especializada no melhoramento genético, na produção e no tratamento de sementes. Desenvolve tecnologias inovadoras para manejo de pastagem e, por meio do programa de melhoramento genético e de sua rede de distribuição, oferece cultivares superiores ao setor agropecuário, adaptadas e com alto potencial de conversão em produto animal. A empresa foi fundada na Holanda em 1904 e possui 27 filiais presentes em todos os continentes – especializadas também no melhoramento genético e na produção de sementes para gramados e forrageiras – o que a torna uma das maiores companhias do setor no mundo. No Brasil desde 2012, a Barenbrug é a única empresa privada especializada em melhoramento genético de forrageiras tropicais. Para mais informações, visite www.barenbrug.com.br