Operação Dark Bet desarticula organização suspeita de tráfico internacional de brasileiros

Ao todo, estão sendo cumpridos 11 mandados judiciais de busca e apreensão nos estados do Ceará, do Maranhão, do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo, além de quatro prisões temporárias. Foto: Polícia Federal

Brasília, 17/12/2025 – Duas empresas de jogos esportivos on-line, conhecidos como bets, tiveram suas atividades suspensas e passaram a ser investigadas por suspeita de envolvimento em tráfico internacional de pessoas. A medida é resultado da Operação Dark Bet, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nessa terça-feira (16), com o objetivo de apurar e reprimir a atuação de uma organização criminosa responsável pelo aliciamento e envio de brasileiros ao exterior para fins de exploração laboral e coação à prática de crimes cibernéticos.

As investigações tiveram início após a prisão de 109 pessoas na Nigéria, entre as quais cinco brasileiros, acusados de crimes cibernéticos. A partir da análise do caso, a PF identificou um esquema estruturado de recrutamento de vítimas por meio de redes sociais e plataformas digitais, com promessas de altos salários e oportunidades de trabalho em supostas empresas do setor de jogos on-line.

No exterior, os trabalhadores eram submetidos a condições degradantes, como jornadas exaustivas, retenção de documentos, restrição de liberdade, vigilância armada e imposição de dívidas — características típicas do tráfico de pessoas para fins de exploração laboral.

A apuração revelou que os brasileiros foram contratados por uma empresa de jogos esportivos que opera duas plataformas no território nacional, atualmente sob investigação. A operação busca reunir provas, interromper atividades ilícitas e responsabilizar os envolvidos. Entre os crimes identificados estão tráfico internacional de pessoas, redução à condição análoga à de escravo, organização criminosa e outros delitos correlatos.

Ao todo, estão sendo cumpridos 11 mandados judiciais de busca e apreensão nos estados do Ceará, do Maranhão, do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo, além de quatro prisões temporárias. As ordens foram expedidas pela Justiça Federal, que também determinou medidas cautelares pessoais e patrimoniais, incluindo o bloqueio e o sequestro de bens e valores superiores a R$ 446 milhões.

A Justiça Federal determinou a suspensão das atividades empresariais das pessoas jurídicas investigadas e a retirada do ar de duas plataformas de jogos esportivos.

A coordenadora-geral de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Contrabando de Migrantes, do MJSP, Marina Bernardes, enfatiza que a operação mostra, mais uma vez, que o tráfico de pessoas, por meio de falsas ofertas de trabalho em bets e plataformas digitais, é uma realidade concreta e gravíssima.

“Temos acompanhado esses casos de perto e trabalhado para que a resposta do Estado vá além da repressão aos criminosos. Estamos intensificando alertas e campanhas nas redes sociais, orientando a população sobre os riscos dessas propostas enganosas e fortalecendo a proteção às vítimas por meio de protocolos, como o Protocolo Operativo Padrão para Vítimas Brasileiras de Tráfico Internacional, para que cada pessoa identificada tenha acesso à informação, ao acolhimento e a condições reais de reconstruir sua vida”, explica.

Denuncie

Denúncias de tráfico de pessoas e de outras violações de direitos humanos podem ser feitas de forma gratuita e anônima pelo Disque 100, disponível 24 horas, todos os dias da semana. Para denúncias relacionadas à violência contra mulheres e meninas, ligue 180.

Se estiver no exterior, procure a Embaixada ou o Consulado do Brasil no país em que se encontra. Fora do horário comercial, entre em contato com o Plantão Consular do Itamaraty, disponível no Brasil, pelo telefone +55 (61) 98260-0610.

Com informações da Polícia Federal

Fonte: Ministério da Justiça e Segurança Pública