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sexta-feira, 29 de março, 2024
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Padres católicos se unem contra fake news e “política genocida de Bolsonaro”


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Igreja Católica durante missa
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Igreja Católica durante missa

A facilidade na divulgação de informações, principalmente com a popularização da internet, traz também uma preocupação: as fake news . Algumas dessas  informações falsas tem sido divulgadas por líderes religiosos , com discursos ideologizados e divulgados com o intuito de cativar fiéis .

Na tentativa de combatê-las, dois grupos religiosos que trabalham em todas as regiões do Brasil se uniram para impedirem a circulação de informações falsas ou deturpadas por parte dos canais católicos de televisão : os ” Padres da Caminhada ” e os ” Padres contra o fascismo “.

Mais do que isso. No contexto da pandemia, os presbíteros se manifestam em favor da orientação correta da população e  contra o negacionismo ante as medidas defendidas pela ciência.

“A luta pela justiça é a grande bandeira de ambos os grupos: a justiça do Reino que também se traduz em justiça social. Jesus escolheu viver entre os mais pobres dos pobres; queremos viver com eles e defender suas causas.” diz Pe. Matheus da Silva Bernardes, que é, também, professor da Faculdade de Teologia da PUC-Campinas.

O presbítero classifica como preocupante o mal uso que mulheres e homens religiosos fazem das informações falsas — as fakenews. “Pode ser que não seja a primeira vez que assistimos a esse fenômeno na história, mas o que tem chamado a atenção nos últimos tempos é que o apelo tem se tornado mais violento (as fakenews são uma arma violenta) e sectarista.”

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“Não podemos usar o microfone para transmitir informações falsas e infundadas”

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Pe. Mateus explica que o manifesto dos grupos de padres católicos nasceu após uma “fala irresponsável”, como ele mesmo classificou, de um padre da igreja católica que, em rede nacional, assumiu discurso antivacina. 

“O Brasil é um país que tem grandes cientistas, mulheres e homens de primeira categoria, mas é um país que tem falhado muito na educação básica de sua população. A consequência: temos uma população pouco educada. Os líderes religiosos deveriam ser conscientes dessa realidade e não usar seu microfone para confundir a população”, diz o padre.

“Quando um líder religioso incorre no negacionismo científico, também está cometendo em um erro gravíssimo. Se podemos orientar a população, orientemos! Se não somos capazes, nos calamos e buscamos quem saiba fazê-lo. Mas negar a ciência, especialmente no âmbito da saúde, é muito grave. Novamente, o negacionismo é movido pela ideologia econômica e política.”

No manifesto, o grupo reage, inclusive,  à política “irresponsável e genocida” adotada por Bolsonaro em relação às medidas de distanciamento social, o uso de máscaras e “à única medida capaz de debelar o vírus, que é a vacina”.

“O atual governo é um belíssimo exemplo dessa luta para manter privilégios de poucos. Quem pensa que o senhor presidente da República representa a “nova política” está completamente enganado! Ele representa a política de sempre que vive das mamatas e dos conchavos que, infelizmente, enfeitam os corredores de Brasília”, continua Pe. Mateus.

Segundo o presbítero, a religião alienada ajuda na criação de um “mundo ficcional”, que é onde vivem “Jair Messias Bolsonaro, seus filhos e seus seguidores”.

“A fé cristã não pode ser alineada – é uma fé engajada e comprometida. Uma fé com os olhos no céu e os pés no chão da história! Há brasileiras e brasileiros morrendo! É hora de defender a vida e a saúde, sobretudo dos mais pobres. Não é hora de excluir aqueles que não vivem num “comercial de margarina”; é hora de acolhê-los e abraçá-los.”