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Ponta Porã Linha do Tempo: Fatos históricos e culturais da formação da região fronteiriça. Barbaquá e Pericom a raiz da tradição

05/10/2015 17h

Ponta Porã Linha do Tempo: Fatos históricos e culturais da formação da região fronteiriça. Barbaquá e Pericom a raiz da tradição.

“Não é a terra que constitui a riqueza das nações, e ninguém se convence de que a educação não tem preço”. Rui Barbosa

Divulgação: Dora Nunes

Tempo determinante para a vida, mas que não tem piedade passa muitas das vezes despercebido no mundo atual, pois quase ninguém tem mais tempo, mas todos precisam de tempo. Como definir o tempo? Tal definição precisa de uma análise profunda de fatos, dados, momentos, períodos, datas e horas, para isso precisaria de muito tempo de pesquisa, no dicionário tempo e definido da seguinte forma: (duração de fatos e suas variantes de acordo com emprego da palavra, o mesmo pode ter vários significados).

Fatos e histórias que são esquecidas, perdidas no tempo, protagonistas de seu tempo esquecidos ao passar dos anos no tempo, mas ainda se faz lembrado na memória de muitos fronteiriços que viveram ou descende de quem viveu nesses tempos, de uma fronteira diferente de casas e costumes que foram se perdendo no tempo.

Na atualidade muitas das atividades do passado já não existem mais, o moderno se faz presente o novo e mais atrativo o e velho se torna descartado, nessa roda intensa que é o ciclo da vida social e cultural dentro do cotidiano de uma cidade, as mudanças são necessárias para que as novas tecnologias tomem espaço auxiliando o processo de desenvolvimento de uma região.

A arte de produzir a erva mate é divindade por fases desde o cultivo de mudas, o plantio até o tempo da colheita isso demandava de tempo, depois de tudo pronto um dos processos mais importantes, segundo Helio Serejo (1946, p.27) “o barbauazeiro é o cérebro, a mola principal de tudo. Se ele falhar produzir-se-á

um produto de baixa qualidade, chamado de “jaguarembó”. É o mestre no sapeco da erva, regula o fogo de lenha bruta para a produção de uma erva boa qualidade. Durante a noite toma uns “golinhos” de pinga para tirar o sono”.

O barbaquá tinha uma forma côncava, para melhor acomodação das folhas da erva mate para essa tarefa tinha três peões paraguaios, a erva não ficava durante o processo diretamente exposta ao fogo, mas através de um formo com aberturas laterais por onde o calor se espalha, o peão que chamavam de “Uru” que tinha a função de mexer na erva mudando-a de um lado para o outro para desta forma a erva sapecasse de forma uniforme, para realizar essa tarefa o “Uru” utilizava uma vara, chamada de tororembó.

Depois do trabalho pronto, era hora do merecido descanso e comemoração da boa colheita e preparo da erva, para isso eram chamados músicos e o pericom dança típica da região fronteiriça era a animação da festa.

“Pericón, é dança característica dos gaúchos argentinos, uruguaios e rio-grandenses-do-sul, na Argentina sempre foi considerada dança tipicamente, nacional. A música é composta em compasso terrário, com movimento vivo, e a dança tem grande semelhança com a quadrilha, com pequena variação na movimentação dos passos”. SEREJO, Hélio. Pialando…No Mas. Pág. 21.

Os bailes geralmente eram em comemoração a algo, como foi relatado por Elpídio Reis: “Churrasco. Os Pontaporanense são, como poucos, afeiçoados ao churrasco. Tudo é motivo para um bom churrasco. Festa de noivado, de casamento, por exemplo, tem que ter um grande churrasco. Quando o filho completa o primeiro ano, mais outro churrasco. Se um fazendeiro convoca a vizinhança para um mutirão ou “puxirão”, como se diz nas fazendas da fronteira, o almoço churrasco. Se é dia de marcação de bezerrada outro churrasco”. ELPIDIO REIS, Ponta Porã Polca, churrasco e chimarrão, Rio, 1981. Pág. 63.

Rememorar fatos épicos que ficaram esquecidos no tempo se faz necessário para relembrar de eventos que marcaram o povoamento da região fronteiriça no inicio do século XX, desta forma proporcionando a novas gerações conhecimento sobre suas raízes sócias, históricas e culturais, pois um povo sem memória e um povo sem história.

Viver o presente pensar no futuro, mas nunca se esquecer do passado assim se faz uma nação forte, pois um povo sem memória é um povo sem história.

Foto Arquivo da Família Rodrigues (Francisco e Miguel Rodrigues in memoriam). Acervo de Carlos Morel. Imagem na fazenda “Emboscada” de Francisco e Miguel Rodrigues. Peões no trabalho na secagem da erva mate. Década de 30.

Foto Arquivo da Família Rodrigues (Francisco e Miguel Rodrigues in memoriam). Acervo de Carlos Morel. Imagem na fazenda “Emboscada” de Francisco e Miguel Rodrigues, ambos aparecem na foto juntamente com dois amigos de termo, inspecionando a plantação de erva mate. Década de 30.

Foto web divulgação: processo de trituração da erva mate.

Ponta Porã Linha do Tempo. Arquivo pessoal de Nilza Terezinha: Foto década de 40. Acervo de seu pai Itrio Araújo dos Santos conhecido como (cabo Itrio), que serviu no 11º Regimento de Cavalaria na cidade de Ponta Porã na década de 40. Itrio Araújo e amigos músicos se preparando para realizar mais um baile no “Maem”i na região fronteiriça.

Pesquisador: Prof. Yhulds Giovani Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federais). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação.