Safra de café avança no Paraná, enquanto tarifas dos EUA acendem alerta no agro

O Boletim de Conjuntura Agropecuária, divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, traz uma análise detalhada da safra de café no estado, além dos efeitos de tarifas dos Estados Unidos sobre diversos segmentos do agronegócio paranaense. O documento, referente à semana de 18 a 24 de julho, também aborda custos de produção de proteínas animais e o desempenho da laranja paranaense no mercado internacional.

Café paranaense: produção avança, mas preços recuam

A safra de café no Paraná deve alcançar 718 mil sacas, o equivalente a 43,1 mil toneladas, cultivadas em uma área de 25,4 mil hectares — o que representa 1% da produção nacional. Até agora, 68% da área plantada já foi colhida, segundo o Deral.

Com a entrada da nova safra, os preços pagos aos produtores caíram significativamente. De acordo com o agrônomo Carlos Hugo Godinho, a saca está sendo comercializada a R$ 1.500, cerca de 40% abaixo dos valores de junho, que superavam os R$ 2 mil.

No varejo, embora os preços ao consumidor devam recuar com o avanço da colheita, ainda permanecem elevados. Em julho do ano passado, o valor médio era de R$ 16,10, enquanto atualmente está em R$ 31,34.

Café solúvel é alternativa ao tradicional e lidera exportações

Com o café tradicional mais caro, o café solúvel surge como alternativa para o consumidor. O Paraná se destaca nesse setor, sendo responsável por 35% das exportações brasileiras. No primeiro semestre de 2025, foram embarcadas 15.240 toneladas, gerando US$ 199,6 milhões em receitas. Os Estados Unidos são o principal destino, absorvendo 15% das vendas paranaenses.

No entanto, uma tarifa adicional de 50% anunciada pelo governo Donald Trump preocupa o setor. “Essa medida pode afetar diretamente as fábricas instaladas no Paraná e seus fornecedores, inclusive de outros estados”, alerta Godinho.

Setor bovino: exportações em alta, mas tarifas impactam preços internos

As exportações de carne bovina continuam aquecidas. Mesmo com tarifas mais altas, os EUA compraram mais do Brasil: o volume exportado cresceu de 85 mil toneladas no 1º semestre de 2024 para 181 mil toneladas em 2025, um salto superior a 100%.

Contudo, a tarifa adicional de 50% imposta recentemente pelos EUA já provoca efeitos no mercado interno. A arroba bovina foi comercializada a R$ 296,10, segundo o Cepea — abaixo de R$ 300 pela primeira vez desde outubro de 2024.

Piscicultura: possível impacto tarifário é considerado pontual

No setor da piscicultura, as exportações em 2024 somaram 7,6 mil toneladas, quase toda direcionada aos EUA, com receita de US$ 34,3 milhões. Segundo Edmar Gervásio, analista do Deral, o impacto de uma eventual tarifa será limitado.

As duas principais cooperativas do setor no Paraná, que faturam juntas mais de R$ 32 bilhões por ano, podem reduzir preços para manter a presença no mercado norte-americano. “O foco atual é a abertura e consolidação de mercado, não o lucro imediato”, explica Gervásio.

Em um cenário mais extremo, com interrupção total das exportações, o mercado interno tem capacidade para absorver a produção sem causar instabilidades nos preços ou na oferta.

Custo de produção em alta para suínos e frangos

O boletim também apresenta dados sobre os custos de produção:

  • Suínos: O custo médio de produção no Paraná no primeiro semestre foi de R$ 6,17 por quilo vivo, um aumento de R$ 0,57 em relação ao mesmo período de 2024. A elevação é atribuída, principalmente, ao aumento no preço da ração.
  • Frango vivo: Em junho, o custo atingiu R$ 4,72 por quilo, alta de 3,1% em comparação a junho do ano passado. O aumento é reflexo de gastos maiores com genética e sanidade.
Laranja: Paraná se mantém entre os líderes da produção nacional

O Brasil produziu 12,8 milhões de toneladas de laranja na safra 2024/25, respondendo por 79% do suco de laranja comercializado globalmente, segundo a CitrusBR. As exportações brasileiras geraram US$ 1,31 bilhão.

O Paraná foi o terceiro maior produtor, com 804,3 mil toneladas. Em 2024, o estado exportou 29,2 mil toneladas de suco, com receita de US$ 141 milhões. Os principais destinos foram:

  • Bélgica e Países Baixos: 74% do volume exportado;
  • Estados Unidos: 2,2 mil toneladas, gerando US$ 9,4 milhões, o equivalente a 6,6% do faturamento paranaense com suco de laranja.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio