Safra do Hemisfério Norte começa a influenciar preços do açúcar, indica Hedgepoint

Preços do açúcar em queda após alta inicial

Os preços do açúcar não conseguiram sustentar os ganhos observados na semana de 14 a 18 de julho e iniciaram uma trajetória de queda na segunda-feira (21). A ausência de movimentações expressivas na demanda, somada à expectativa de uma safra forte na Índia para a próxima temporada, pressionou os valores do açúcar bruto, que fecharam a quarta-feira (23) em 16,24 centavos de libra-peso (c/lb). Na quinta-feira (24), parte das perdas foi recuperada, com alta de 2%, fechando a 16,57 c/lb, impulsionada por rumores de aumento da demanda no mercado físico.

Influência da safra do Hemisfério Norte nas projeções

Lívea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets, destaca a importância de acompanhar a evolução das expectativas para o Hemisfério Norte, especialmente para o quarto trimestre de 2025 e o primeiro trimestre de 2026.

Europa enfrenta redução na área de beterraba

Entre 2022 e 2023, o aumento das importações ucranianas pressionou os preços domésticos de açúcar na Europa, mesmo com o crescimento das exportações regionais. Essa dinâmica levou a uma queda nas importações previstas para a safra 2024/25, insuficiente para garantir a área plantada de beterraba. A Comissão Europeia projeta uma redução de 10,5% na área de beterraba, e incluindo o Reino Unido — que permanece estável — a queda estimada é de 10% para a região.

Apesar de alguns alertas climáticos na primavera, o desenvolvimento da beterraba tem sido positivo, com previsão de melhora na produtividade. No entanto, a produção total deve cair em relação ao ano anterior, com uma estimativa de redução inicial de 1,4 milhão de toneladas até 2025/26, o que deve aumentar a necessidade de importações.

EUA também devem ter ligeira queda na produção

Nos Estados Unidos, as projeções apontam para uma pequena redução na produção, de 8,43 milhões para 8,39 milhões de toneladas em 2025/26. A diminuição se deve a um recuo na produção de beterraba, compensado parcialmente por ganhos nas regiões produtoras de cana, especialmente na Louisiana, onde a área cultivada continua em expansão pelo sexto ano consecutivo, superando a Flórida pelo quarto ano.

Índia prevê safra robusta e aumento na produção

A Índia se destaca com aumento na área plantada de cana e bom desenvolvimento da safra, beneficiada pela monção favorável e níveis saudáveis nos reservatórios. As projeções indicam recuperação da produção para cerca de 32 milhões de toneladas. Contudo, os volumes de exportação permanecem condicionados a decisões governamentais e só devem ser autorizados no fim da temporada.

Tailândia mantém recuperação na produção

Apesar de preocupações climáticas na região central, a produção da Tailândia segue crescendo, tendo passado de 8,8 milhões de toneladas em 2023/24 para 10,1 milhões na temporada atual. Para 2025/26, a expectativa é de continuidade dessa recuperação, com produção estimada em 11,5 milhões de toneladas e exportações superiores a 8 milhões de toneladas.

China com produção elevada e impacto no mercado

A China apresenta influência pessimista no mercado apesar de manter importações ativas. A produção estimada para 2024/25 superou 11 milhões de toneladas — maior nível desde 2013/14 — com previsão de 11,2 milhões para 2025/26. Isso confere ao país maior flexibilidade em suas compras externas, possibilitando aguardar condições mais favoráveis. Recentemente, a China aproveitou a queda dos preços para ajustar contratos, podendo ainda assim impulsionar os preços no curto prazo.

Perspectivas para o mercado global de açúcar

A combinação de uma possível recuperação da safra no Hemisfério Norte, junto às expectativas para o Brasil, sinaliza um cenário de excedente global de açúcar. Como consequência, os preços devem continuar pressionados e provavelmente se manter abaixo dos níveis registrados no ano passado, conclui a analista da Hedgepoint.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio