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quinta-feira, 2 de maio, 2024
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Sem verba, hospital diz respeitar direito de mães sobre cesárea

Cirurgias são providas por emendas e retornaram após 5 anos “para garantir conforto”, afirma assessoria

A assessoria jurídica do Hospital Beneficente Dona Elmíria Silvério, situado no município de Sidrolândia, informou que não pode custear os profissionais e por isso teve que fechar o centro responsável pelos partos normais em maio de 2023.

Na nota, a administração explica que encaminhou diversos ofícios para a gestão municipal solicitando auxílio financeiro para o custeio de tal equipe, mas nunca obteve retorno.

“Inicialmente, pontuamos que o fechamento do CPN (Centro de Parto Normal) se deu em cumprimento de decisão judicial em ação civil proposta pelo Ministério Público no ano de 2020, em razão de o Hospital não possuir equipe de retaguarda composta por um médico pediatra, anestesista e ginecologista por 24 horas durante todos os dias da semana”, destaca o texto enviado ao Campo Grande News.

Quanto às cirurgias de parto cesáreas ofertadas, o hospital diz proporcionar mais conforto às mulheres que normalmente seriam transferidas para Campo Grande.

“Essas cirurgias estão acontecendo apenas por três dias durante a semana, haja vista que estão sendo custeadas exclusivamente por emendas parlamentares federais. As cirurgias cesarianas estão cumprindo todos os protocolos médicos e realizadas apenas quando houver indicação, sempre respeitando o direito de escolha das mulheres”, explica a assessoria.

Por fim, a administração relatou que, até o presente momento, não tem conhecimento de questionamentos formais feitos pela Defensoria Pública acerca das cirurgias.

Entenda o caso – O assunto veio à tona após a unidade hospitalar ter postado um vídeo nas redes sociais onde comemora a primeira cesariana feita no local depois de cinco anos de hiato. Foi criado até o projeto “Cesáreas eletivas em pacientes de baixo risco”,  que gerou polêmica, por estimular o tipo de procedimento que normas internacionais mandam realizar apenas em situação extrema.

Segundo a secretária municipal de saúde, Elaine Brito, o hospital atendia gestantes de baixo risco e seguia as normativas da Rede Cegonha. “Esse serviço tinha financiamento do Ministério da Saúde, Estado e município. O serviço estava estruturado dentro de regras, normas e protocolos rígidos de cuidado entre a mulher e o bebê. O município buscou de todas as formas meio para que a entidade entendesse a importância e mantivesse o serviço, mas infelizmente não conseguimos avançar”.

A ADOMS (Associação de Doulas de Mato Grosso do Sul) emitiu uma nota de repúdio, onde explica que o hospital de referência, não cumpriu com a decisão judicial que exigia a contratação de uma equipe formada por obstetra, anestesista, ginecologista e pediatra, para atuar nos casos de emergência com as parturientes e/ou recém-nascidos. Segundo a associação, esse foi um dos motivos para o fechamento. Hoje, segundo anunciado no tal vídeo, o hospital dispõe do efetivo para cesarianas.

”O hospital ainda alega que as pacientes de baixo risco têm indicação para a cirurgia eletiva, sendo que as indicações anteparto deste procedimento são muito restritas e ligadas à condições de risco iminente à saúde materna e fetal, portanto, nos perguntamos: quais são essas indicações para cirurgias eletivas em mulheres com gestações de risco habitual?”, questionou.

Fonte: Campograndenews