
Vinte e oito jogos, 27 vitórias, 15 delas em sequência. Cinco finais em cinco torneios. Quatro títulos e um vice. A soma atualizada já retrata mais uma conquista de Hugo Calderano no tênis de mesa, desta vez em casa, neste domingo (3/8). Diante de mais de 700 torcedores eufóricos na arena montada no Centro de Convenções Rafain, o número três do mundo faturou o WTT Star Contender de Foz do Iguaçu (PR).
O troféu, o décimo do brasileiro no circuito da WTT, veio após vitória milimétrica sobre o alemão Duda Benedikt (12°). Hugo chegou a abrir 3 sets a 1 na melhor de sete, mas viu o adversário reagir e empatar em 3 x 3. Na parcial decisiva, melhor para o brasileiro, que fechou em 4 sets a 3, com parciais de 11/7, 11/7, 9/11, 11/8, 9/11, 10/12 e 11/8, numa maratona de 1h13min.
“Foi um jogo de altíssimo nível. Eu consegui imprimir o meu ritmo com agressividade desde o início, mas é claro que um jogador desse nível não vai simplesmente aceitar. Ele tem uma qualidade de adaptação alta. É sólido, quase nunca deixa a mesa, e é difícil passar. Ele se acostumou aos meus golpes e foi ficando cada vez mais difícil. É claro que eu também vou fazendo ajustes, vendo o que preciso mudar, o momento certo”, comentou Hugo. “No 3×3, consegui subir ainda mais o meu nível, a intensidade. Vi que se ficasse naquele nível alto não seria suficiente, então tive que ser ainda mais agressivo e achar uma outra marcha”, completou o mesatenista.
Bolsa Atleta
Hugo integra o Bolsa Atleta, do Governo Federal, de forma ininterrupta nos últimos 15 editais desde 2010 (veja infográfico). Começou nas categorias de base e hoje pertence à categoria Pódio, reservada aos atletas que ocupam o topo do ranking de suas modalidades. Dos 30 brasileiros inscritos no WTT em Foz do Iguaçu, 29 estão ou passaram pelo Bolsa Atleta (96%). O investimento do Ministério do Esporte ao longo da carreira desse grupo de mesatenistas supera os R$ 3,7 milhões.
Relevância
Com dez títulos em etapas do circuito da WTT, Hugo Calderano é o segundo atleta com maior número de troféus, atrás apenas do chinês Wang Chuqin (2º do ranking e atual campeão mundial), que tem 12. Se hipoteticamente fosse tratado como uma nação, Hugo seria o segundo país no ranking de títulos, atrás apenas da China, que tem 38, e à frente de Japão (8), Alemanha (7), França (5) e Suécia (4).
- Hugo venceu o alemão Duda Benedikt por 4 sets a 3 na final
Caminho
A trilha de Hugo para chegar à final em Foz teve duelos contra oponentes de cinco nacionalidades. Na primeira rodada, superou o alemão Wim Verdonschot por 3 sets a 1. Nas oitavas, passou por Chang Yu-An, de China Taipei, também por 3 a 1. Nas quartas, não tomou conhecimento do japonês Yukiya Uda, 40° do mundo, por 3 a 0. Na mesma toada, foi superior ao sul-coreano Oh Junsung (20° do mundo), da Coreia do Sul, na semifinal: 3 a 0, com 11/5, 11/4 e 11/5, em apenas 22 minutos na manhã deste domingo. Na decisão, outro alemão.
No auge
“Eu estou com certeza no meu auge, jogando o melhor tênis de mesa da minha carreira. É claro que não é fácil, a concorrência é muito alta, então cada campeonato é diferente. É difícil ter essa regularidade, essa constância, então estou muito feliz, porque realmente isso exige muito não só da parte técnica e física, mas a parte mental também”.
Tietagem
Hugo passou a ser um nome que “fura bolhas”. Tornou-se sinônimo de excelência. Um ídolo que fala sete idiomas, monta cubo mágico em segundos, sabe os nomes de todas as capitais do planeta, toca ukulele, joga vôlei e basquete. Em Foz, sempre que pôde, atendeu com carinho as dezenas de torcedores que se aglomeravam após as partidas. Tirou fotos, fez vídeos e assinou centenas de camisas, raquetes, bolinhas, álbuns de viagem, porta-raquetes e até tênis dos fãs.
Beleza
“Não tenho palavras para expressar a gratidão que tenho por todas as pessoas que estão aqui, que me dão tanta energia. Eles conseguem me empurrar e tenho que saber aproveitar essa energia que me passam. Depois das partidas é só festa, é comemorar com todo mundo, fazer foto, dar autógrafo para quem quiser. Hoje mesmo acho que a noite vai ser mais longa, tem muita gente esperando na fila, mas é isso que é importante, é isso que é a beleza do esporte”, relatou.
Visibilidade
Hugo celebra ainda a visibilidade de imagem que o tênis de mesa ganhou em função dos resultados dele. “Isso trouxe o incentivo para muita gente praticar o tênis de mesa. Na mídia em geral a gente está aparecendo mais, e esse sempre foi um dos meus objetivos: ajudar a popularizar o esporte”, comentou. Segundo informações da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, a modalidade passou de 3.500 filiados há três anos (entre atletas, técnicos e árbitros) para mais de 10 mil em junho de 2025.
Sequência
O próximo compromisso de Hugo será o WTT Grand Smash Europa, na Suécia, de 14 a 24 de agosto. A competição é uma das quatro mais importantes do WTT na temporada, equivalente a um Grand Slam do tênis.
Campeões
O torneio em Foz do Iguaçu distribuiu 300 mil dólares em premiação. Na chave feminina, a vencedora foi a principal cabeça de chave e número 7 do mundo, a japonesa Miwa Harimoto. Ela derrotou na decisão a compatriota Miyu Nagasaki, por 4 sets a 2. Nas duplas mistas, outra parceria japonesa levou a melhor: Honoka Hashimoto e Aida Satoshi superaram os indianos Diya Chitale e Shah Manush por 3 sets a 2. Nas masculinas, o troféu ficou com os alemães Dang Qiu e Duda Benedikt, que venceram na decisão a parceria indiana formada por Manav Thakkar e Manush Shah por 3 a 2. Já na chave feminina de duplas, Miwa Harimoto e Satsuki Odo conquistaram o título ao bater por 3 x 0 na decisão as sul-coreanas Ryu Hanna e Kim Nayeong.
Superlativos
Desde abril, quando iniciou a trilha sem precedentes em sua carreira (confira abaixo), Calderano disputou 28 jogos no circuito internacional, com 27 vitórias e apenas uma derrota, na final do mundial disputado em Doha, no Catar, contra o chinês Wang Chuqin, 2° do mundo. Venceu no período 95 sets e perdeu 33. Superou seis japoneses em seis jogos. Três chineses em quatro duelos. Três franceses em três encontros e três atletas de Taiwan em três jogos.Teve dez duelos contra adversários do top 20 do mundo e venceu nove.
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Soberania
A fase soberana teve início em abril, quando conquistou a Copa do Mundo em Macau, na China. Lá, ele não só se tornou o primeiro não asiático e não europeu a vencer o torneio. Foi campeão com uma das sequências mais impressionantes da história da modalidade. Superou em sequência o número três do mundo de então, o japonês Tomokazu Harimoto (quartas de final), o número dois, o chinês Wang Chuqin (semifinal), e o número 1 do mundo, o também chinês Lin Shidong, na decisão do torneio.
Clique
“É difícil saber o momento exato, mas acho que com certeza tudo começou na Copa do Mundo, com a vitória lá. Fui crescendo durante a competição e acho que tive um clique, alguma coisa que entendi melhor, que consegui fazer e levar até agora, um estado de espírito durante as partidas, e conseguir manter essa regularidade, essa constância”.
Vice histórico
Em maio, Calderano disputou o Mundial em Doha, no Catar, e registrou a melhor campanha de sua carreira. Venceu seis partidas em sequência para chegar à final, com direito a um duelo épico com outro chinês, Liang Jingkun (5° do mundo), na semifinal. Um jogo definido em 11 x 9 na última parcial depois de o chinês salvar seis match points. Na decisão, foi superado por Wang Chuqin em 4 sets a 1.
Irmãos Lebrun
Em junho, Hugo foi bicampeão do WTT Star Contender de Ljubljana, na Eslovênia (também tinha vencido em 2024), com direito a superar os dois irmãos Lebrun: Alexis (semi) e Félix (final), dois dos mais habilidosos do circuito. Félix inclusive foi o responsável por tirar de Hugo o bronze olímpico nos Jogos de Paris, em 2024.
Duplo ouro em Buenos Aires
Em julho, Calderano voltou ao continente sul-americano para o WTT Contender de Buenos Aires. Sem tomar conhecimento dos adversários, venceu não só os cinco jogos da chave individual como conquistou o primeiro título de duplas mistas ao lado de Bruna Takahashi.
Sequência de Calderano desde abril
Copa do Mundo – Macau (China) – Abril
Calderano 3 x 1 Yukiya Uda (JPN)
Calderano 3 x 1 Eugene Wang (CAN)
Calderano 4 x 1 Hiroto Shinozuka (JPN)
Calderano 4 x 1 Tomokazu Harimoto (JPN)
Calderano 4 x 3 Wang Chuqin (CHN)
Caldernao 4 x 1 Lin Shidong (CHN)
Campeonato Mundial – Doha (Catar) – Maio
Calderano 4 x 1 Rogelio Castro (MEX)
Calderano 4 x 0 Wassim Essid (TUN)
Calderano 4 x 2 Kirill Gerassimenko (CAZ)
Calderano 4 x 0 Quadri Aruna (NIG)
Calderano 4 x 1 An Jaehyun (KOR)
Calderano 4 x 3 Liang Jingkun (CHN)
Calderano 1 x 4 WAng Chuqin (CHN)
WTT Star Contender de Ljubljana (Eslovênia) – Junho
Calderano 3 x 1 Flavien Coton (FRA)
Calderano 3 x 2 Kao Cheng-Jui (TPE)
Calderano 3 x 0 Tomislav Pucar (CRO)
Calderano 3 x 2 Alexis Lebrun (FRA)
Calderano 4 x 2 Felix Lebrun (FRA)
WTT Contender de Buenos Aires – Argentina – Julho
Calderano 3 x 0 Leandro Fuentes (ARG)
Calderano 3 x 1 Tiago Apolonia (POR)
Calderano 3 x 0 Liao Cheng-Ting (TPE)
Calderano 3 x 0 Hiroto Shinozuka (JPN)
Calderano 4 x 1 Mizuki Oikawa (JPN)
WTT Star Contender de Foz do Iguaçu (PR) – Brasil – Agosto
Calderano 3 x 1 Wim Verdonschot (ALE)
Calderano 3 x 1 Chang Yu-An (TPE)
Calderano 3 x 0 Yukiya Uda (JPN)
Calderano 3 x 0 Oh Junsung (KOR)
Calderano 4 x 3 Duda Benedikt (ALE)
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Gustavo Cunha, de Foz do Iguaçu
Fonte: Ministério do Esporte