Tarifa de 50% dos EUA ameaça R$ 1,5 bilhão em exportações do agronegócio do Paraná

A entrada em vigor, a partir de 1º de agosto, da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre todos os produtos brasileiros acende o alerta no agronegócio do Paraná. Segundo o Sistema FAEP, diversos segmentos importantes da pauta de exportações do estado — como produtos florestais, café, piscicultura e suco de laranja — devem sofrer impactos significativos com a nova taxação.

Estados Unidos: mercado-chave para o Paraná

De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os EUA foram o segundo maior destino das exportações paranaenses em 2024, com vendas que totalizaram US$ 1,587 bilhão. No primeiro bimestre de 2025, os Estados Unidos ficaram na terceira posição, somando US$ 214 milhões em exportações do estado. Este cenário evidencia a importância estratégica do mercado norte-americano para a economia paranaense.

Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP, destacou a preocupação com a falta de diálogo do governo federal:

“Estamos a poucos dias do início do tarifaço, mas não houve qualquer tentativa de negociação para preservar os acordos comerciais e minimizar os impactos para quem produz no campo. Isso é preocupante.”

Setor florestal enfrenta cancelamentos e paralisações

O setor florestal, altamente dependente do mercado dos EUA, já sente os efeitos da medida. Segundo a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), empresas enfrentam cancelamentos de contratos, embarques suspensos e contêineres retidos nos portos. Como consequência, algumas indústrias iniciaram férias coletivas e demissões. O segmento emprega cerca de 400 mil pessoas no Paraná e, em 2024, exportou mais de US$ 681 milhões em produtos florestais para os Estados Unidos — sendo US$ 627 milhões somente em madeira, o que representa 60% do total nacional.

Café: maior consumidor global pode reduzir demanda pelo Paraná

O café, produto essencial para os Estados Unidos — que respondem por 34% das importações globais da commodity — também está na mira dos impactos. O Paraná tem ganhado espaço nesse mercado, principalmente com o café solúvel, que possui maior valor agregado, o que pode ser prejudicado pela nova tarifa.

Piscicultura e suco de laranja: outros segmentos sob pressão

A piscicultura paranaense, destaque nacional, liderou as exportações brasileiras de tilápia em 2024, com vendas de US$ 35,7 milhões, equivalendo a 64% do total nacional. Os Estados Unidos absorveram 89% dessas exportações, gerando receita de US$ 52,3 milhões. A tarifa pode dificultar o acesso a esse mercado.

Já o suco de laranja, outra importante commodity, preocupa pelo elevado volume destinado aos EUA. Dados da CitrusBR indicam que 41,7% do suco exportado pelo Brasil nos últimos 12 meses teve como destino o mercado norte-americano. No Paraná, as exportações desse produto cresceram 345% no primeiro semestre de 2025, somando US$ 4,76 milhões. Conforme alerta do Sistema FAEP, o suco brasileiro já enfrenta uma taxa de US$ 415 por tonelada, equivalente a 15% a 20% do preço final. Com a nova tarifa, os tributos podem chegar a 70% do valor da exportação, ameaçando a competitividade do produto.

Risco de perdas de até R$ 1,5 bilhão para o agronegócio paranaense

O conjunto dessas tarifas coloca em risco cerca de R$ 1,5 bilhão em exportações agropecuárias do Paraná, afetando diretamente a economia regional, empregos e a estabilidade do setor produtivo. Produtores e entidades do agronegócio acompanham com apreensão os desdobramentos e esperam medidas que minimizem os efeitos negativos da taxação americana.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio