De acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro até o dia 21 de julho deste ano, 13.864 mulheres foram vítimas de algum tipo de crime
Em Mato Grosso do Sul, um dos estados brasileiros com o maior índice de violência contra a mulher, segundo dados do Anuário Brasileiro da Violência, três mulheres são vítimas de algum tipo de violência por hora, seja violência doméstica, estupro, tentativa de feminicídio ou feminicídio, crime este que vitimou a 20ª mulher no Estado no dia 31 de julho.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), de janeiro até o dia 21 de julho deste ano, 13.864 mulheres foram vítimas de algum tipo de crime, a maioria, de violência doméstica (12.643). Isso significa dizer que, por dia, 68 mulheres sofrem algum tipo de agressão em Mato Grosso do Sul.
Os números são muito semelhantes aos do ano passado, quando, até o dia 31 de julho, 12.830 mulheres haviam sido vítimas de agressão pelo companheiro e 14.454 sofreram algum tipo de violência, o que também dá uma média de 68 casos por dia, entretanto, como ainda há 10 dias a serem contabilizados nos dados deste ano, a tendência é de que esse número possa crescer.
O segundo crime mais cometido contra mulheres no Estado é o estupro, o qual vitimou 1.162 mulheres até o dia 21 do mês passado. Em 2024, nos sete primeiros meses do ano, foram 1.552 registros.
Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em julho, dois municípios de Mato Grosso do Sul aparecem na lista das 50 cidades com mais de 100 mil habitantes com as taxas mais elevadas de estupros no País. Dourados aparece na 10ª posição, com taxa de 90,9%; e Três Lagoas, na 36ª posição, com taxa de 67,9%.
Porém, é em relação ao feminicídio, homicídio de mulheres por questão de gênero, que Mato Grosso do Sul tem um triste destaque. Segundo o anuário, no ano passado, MS foi o segundo estado com a maior taxa de assassinatos de mulheres pelos seus companheiros, com taxa de 2,4 por 100 mil habitantes, atrás apenas de Mato Grosso.
Ao todo, em 2024, foram 35 mortes, porém, até julho, haviam sido 19 feminicídios, número inferior ao deste ano, já que, depois do dia 21 de julho, outras duas mulheres foram mortas, totalizando 20 casos.
“Os números mostram uma situação grave, e o que eles não mostram compõe um cenário mais amplo que é ainda mais cruel e duro do que nos dizem os registros oficiais. Isso porque, quando falamos de violência de gênero, falamos de um fenômeno que continua sendo marcado por subnotificação, silêncio e naturalização social. Enquanto sociedade, por mais que estejamos gradualmente rompendo com a normalização dessas violências, ainda enfrentamos uma cultura que muitas vezes trata a violência contra a mulher como natural […]: como algo que decorre da ordem regular das coisas”, trouxe trecho do Anuário Brasileiro da Violência publicado no mês passado.

FEMINICÍDIOS
O 20º feminicídio em Mato Grosso do Sul neste ano foi registrado em Ribas do Rio Pardo, na tarde de quinta-feira. A professora Cinira de Brito, de 44 anos, foi assassinada pelo marido dentro de casa.
Cinira foi morta a facadas, e o suspeito do crime é seu ex-marido, identificado como Anderson Aparecido de Olanda, de 41 anos. Após esfaquear a companheira, ele tirou a própria vida.
De acordo com informações da Polícia Militar da cidade, possivelmente, o crime foi motivado por ciúmes e a vítima foi atacada com duas facadas na perna e três no abdômen.
Após o crime, Cinira e Anderson foram encontrados na residência. Anderson ainda estava vivo e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ele transferido em vaga zero para Campo Grande, em estado grave, mas, em função da gravidade dos ferimentos, morreu antes de chegar à Capital.
O caso anterior ocorreu na segunda-feira. Juliete Vieira, de 35 anos, foi esfaqueada pelo irmão, Edivaldo Vieira, de 41 anos. O crime ocorreu na cidade de Naviraí, distante aproximadamente 359 quilômetros de Campo Grande.
Como mostrou matéria do Correio do Estado, no mês passado, foram três feminicídios registrados. O primeiro ocorreu no dia 4 de julho, quando Michely Rios Midon Orue, de 48 anos, foi morta a facadas pelo próprio filho, de 21 anos, que era esquizofrênico.
O crime ocorreu no município de Glória de Dourados, distante 260 km de Campo Grande. A vítima foi morta com pelo menos cinco facadas, sendo o golpe fatal desferido na região da jugular.
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Fonte: Correiodoestado