O mercado de trigo atravessa momentos distintos entre o cenário interno brasileiro e o internacional. No Sul do Brasil, os preços seguem pressionados e o plantio da safra 2025 avança lentamente. Já na Bolsa de Chicago, os contratos futuros encerraram o mês com forte valorização técnica, impulsionados pela cobertura de posições vendidas e pela queda do dólar.
Mercado interno segue lateralizado e com baixa liquidez
No Sul do Brasil, a movimentação do mercado de trigo permanece limitada, com pouca demanda, preços em queda e moinhos retraídos nas compras. Segundo dados da TF Agroeconômica e CEPEA, os valores da safra velha caíram no Rio Grande do Sul e no Paraná, comportamento atípico para esta época do ano.
Os principais fatores que pressionam os preços:
- Queda nas cotações do trigo argentino
- Valorização do real frente ao dólar
- Estoques elevados
- Margens reduzidas nos moinhos
Plantio da safra 2025 avança lentamente no RS
No Rio Grande do Sul, o plantio da nova safra está estagnado em cerca de 40% da área estimada, que não deve ultrapassar 1 milhão de hectares. O atraso é causado pelas chuvas frequentes, que dificultam o avanço das máquinas no campo.
No mercado externo, o trigo tipo BRL 12% teve seu preço de exportação recuado para US$ 226 por tonelada, o equivalente a R$ 1.277,00, mas os moinhos continuam ausentes das negociações. No mercado interno, a saca de 60 kg em Panambi (RS) segue em R$ 70,00.
Santa Catarina: demanda fraca e cautela nas compras
Em Santa Catarina, apesar da boa oferta de trigo, principalmente oriundo do RS, o ritmo de moagem e reposição de estoques segue lento.
- Preços da safra velha variam entre R$ 1.330 e R$ 1.500 por tonelada, conforme tipo e origem
- Para a safra nova, não há ofertas disponíveis no momento
- Venda de sementes caiu 20% em relação ao ano passado
- Conab projeta queda de 6,3% na produção estadual, mesmo com leve expansão da área plantada
Nas principais praças catarinenses, os preços pagos ao produtor estão praticamente estáveis:
- Canoinhas: R$ 78,00
- Joaçaba: R$ 76,00
- Xanxerê: R$ 79,00 (recuo de R$ 1,00)
O cenário é de cautela, com expectativa por melhoria no clima e possível retomada da demanda nas próximas semanas.
Chicago: contratos futuros sobem com apoio técnico e câmbio
Na Bolsa de Chicago (CBOT), os preços do trigo encerraram a sessão com forte alta, impulsionados por:
- Movimento técnico de recuperação
- Cobertura de posições vendidas após perdas recentes
- Queda do dólar, que melhora a competitividade do cereal dos EUA
Apesar da alta, os ganhos foram limitados pelo avanço da colheita no Hemisfério Norte e pela oferta global abundante.
Dados do USDA indicam estoques acima do esperado
Segundo o relatório trimestral do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA):
- Estoques de trigo superaram as expectativas do mercado
- Em junho, o contrato para setembro recuou 1,82%
- No trimestre, a queda foi de 4,94%, e no semestre de 7,35%
Condições das lavouras nos EUA
- Trigo de inverno:
- 48% em boas/excelentes condições
- 32% regulares
- 20% entre ruins e muito ruins
- Colheita chegou a 37% até 29 de junho (abaixo da média dos últimos cinco anos, de 42%)
- Trigo de primavera:
- 53% em boas/excelentes condições
- 33% regulares
- 14% ruins ou muito ruins
Fechamento dos contratos
- Setembro/25: US$ 5,49/bushel (+10,75 centavos ou +1,99%)
- Dezembro/25: US$ 5,69 1/4/bushel (+9,25 centavos ou +1,65%)
Enquanto o mercado brasileiro segue cauteloso, aguardando melhores condições climáticas e sinais de recuperação da demanda, o ambiente internacional mostra volatilidade, com influências cambiais e estratégias especulativas que impulsionam os preços, ainda que sob o peso da ampla oferta global.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio