20/09/2014 06h50
Segundo dados da época, a RD 50 atingia 80 km/h de velocidade máxima, prometia fazer 60 km/l e podia transportar até 75 quilos.
UOL
No início da década de 1970, o mundo passava por transformações políticas e sociais, sendo que o ano de 1974 foi particularmente marcado por fatos incomuns. O presidente norte-americano Richad Nixon renunciou ao cargo em decorrência do escândalo Watergate. Na Europa, a “Revolução dos Cravos” derrubou o regime ditatorial de Portugal. No esporte, a seleção brasileira dançou sob os tamancos holandeses e não se classificou para a final da Copa do Mundo daquele ano. Em plena crise do petróleo, a indústria nacional surgiu com novos bens de consumo e as tradicionais feiras de utilidades domésticas. E, em 10 de outubro, nascia a primeira motocicleta fabricada no Brasil, a Yamaha RD 50.
Além do pioneirismo, a marca japonesa criou um produto inovador para a época, com baixo custo de manutenção e alto desempenho. Acabou acertando na mosca e a “cinquentinha” (em alusão à capacidade do motor, de 50 cc) foi a responsável pelo desenvolvimento das primeiras gerações de motociclistas no Brasil.
Alguns modelos já eram montados no país, como a Lambreta e a Java (de uma linha da Monark, tradicional marca de bicicletas), mas nada se compara ao feito da Yamaha que fabricou a primeira moto “made in Brazil”. Instalada desde 1970 na rua General Osório, no centro de São Paulo (SP), a Yamaha Motor do Brasil inaugurou, em 1974, sua fábrica em Guarulhos (SP), a primeira fora do Japão, com direito à presença do presidente mundial da empresa, Hissao Koike, e do ministro da Indústria e Comércio da época, Severo Gomes.
Aquele foi o berço da primeira moto nacional, que trazia as mais modernas soluções em termos de motor dois tempos. Segundo a publicidade da época, a RD 50 era “a Yamaha mais moderna do mundo”.
COMO ERA A RD
Pequena e leve, a motinho desfilava certo ar esportivo: silhueta esguia, tanque de combustível longo e estreito e um quadro tubular de berço duplo. Este tipo de chassi foi um grande avanço, pois até então as motos de 50 cc tinham quadros de aço estampado.
Os freios eram a tambor em ambas as rodas. E a suspensão, convencional, com garfo telescópico na dianteira e duplo amortecedor na traseira. A RD 50 calçava pneus 2.75 em rodas de 17 polegadas.
O painel era muito simples: velocímetro circular (com escala de 0 a 140 km/h), luzes espias e, à esquerda do instrumento, a ignição. A crítica fica para a falta do conta-giros (já no modelo de competição apenas ele estava presente). Outro detalhe: espelho retrovisor, só o esquerdo.
O motor dois tempos não possuia válvulas ou comando de válvulas, o que o tornava muito simples no funcionamento e manutenção. Parte do lubrificante era misturada ao combustível e queima na câmara de combustão, por isso a inevitável fumaça branca característica deste tipo de moto. No caso da RD 50, o propulsor monocilíndrico, refrigerado a ar, tinha sistema Autolube e ignição por volante do magneto, além de filtro de ar úmido de fibras plano.
Com 49 cm³ de capacidade cúbica (o cilindro tinha 40 mm de diâmetro e 39,7 mm de curso), o motor produzia 6,3 cv a 9.500 rpm de potência máxima e 0,5 kgfm de torque a 8.500 rpm. A RD 50 já usava câmbio de cinco velocidades sincronizadas, embreagem multidisco em banho de óleo e tinha partida a pedal.
Segundo dados da época, a RD 50 atingia 80 km/h de velocidade máxima, prometia fazer 60 km/l e podia transportar até 75 quilos.

