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sexta-feira, 26 de abril, 2024
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Artigo: O prejuízo dos jogos virtuais em excesso, Por Juliana Rauzer

Por Juliana Rauzer

Nossas crianças e jovens estão cada vez mais conectadas com o mundo virtual. Em tempos de Pandemia onde o convívio social é restrito a utilização de meios eletrônicos ficou cada vez mais desacerbada. Entretanto, os jogos em excesso podem ser prejudiciais. Veja o que você pode fazer para intervir positivamente nessa realidade.

Por Juliana Rauzer

Alerta aos responsáveis

Os danos causados pelo excesso dos jogos virtuais são irreversíveis. Os efeitos negativos são vistos nos aspectos emocionais, sociais e até mesmo físicos. A má postura, ou o tempo gasto sem se movimentar pode facilitar o desenvolvimento de lesões nos músculos, hérnias de disco, lordose (onde há uma curvatura interna aumentada da espinha), e também escoliose (curvatura anormal da coluna), comprometimento da visão, audição, entre outros.

Irritabilidade, nervosismo, atitudes de violência também pode surgir. Esses sentimentos podem ser prestadios, importante até mesmo para o jovem aprender a identificá-los e a lidar com eles, mas precisa de orientação, pois ao contrário no calor do momento um acesso de fúria pode acontecer. Arremessar objetos, ditar palavrões, brigar com os adversários são surtos de raiva. Peça para que ele (a) identifique se está com tensão muscular e no maxilar, suor ou tremores repentinos, dor de cabeça ou tonturas, se positivo é hora de parar, pois são sintomas de estresse causado pelo jogo.

A responsabilidade de controlar a rotina e os horários são dos adultos, esses tem a verdadeira consciência que o excesso é prejudicial. Muitos pais informam terem piedade dos filhos que ficaram praticamente sem atividades sociais na quarentena e acabaram tolerando o uso demasiado do jogo, sem ter noção do perigo que o seu filho pode estar sendo submetido.

Em uma entrevista para a revista Saúde Abril o Dr. Psiquiatra Ricardo Krause (Membro da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil) informa que dos seis aos onze anos o indicado é no máximo duas horas em exposição a telas e jogos virtuais. A partir dos doze anos o limite é no máximo três horas. Do contrário pode ser lesivo.

Nem todo jogo é prejudicial, muitos inclusive instigam a criatividade, memória, concentração, raciocínio lógico, leitura, coordenação, dentre outros. A questão é o excesso!

No e-book Reflexões sobre Atividades Lúdicas em Tempos de Pandemia escrito por mim e meu marido Maximiliano Sousa, falamos sobre os jogos eletrônicos:

Os momentos com jogos eletrônicos (principalmente em tempos de pandemia) são impossíveis de serem abolidos. Isto porque é uma forma da criança se distrair, sentir prazer, e também trabalhar sentimentos como alegria, raiva e frustração. Somos a favor dos jogos desde que eles sejam oportunizados com regras e horários que não prejudiquem outras atividades. Pois sabemos que o excesso pode ser prejudicial para a visão, questões motoras e até mesmo cerebrais. Por isso a rotina é importante, já que dará direcionamento no dia a dia. (RAUZER E SOUSA, 2020 p. 22).

Como fazer com que nossas crianças e jovens joguem menos?

Criar uma rotina é essencial. Oriente como ela deve organizar seu tempo. Nela pode inserir imagens e escrita para facilitar o entendimento. Imprima, deixe visível para as crianças e jovens. Insira atividades ao ar livre, lembrando da importância da vitamina D para o desenvolvimento humano. Hora da leitura, pintura, jogos de tabuleiro, exercícios físicos, danças, músicas são algumas opções que podem constar nos momentos do dia.

As crianças necessitam desse planejamento, pois isso proporciona segurança, conforto, facilidade na organização espaço temporal, sem falar que diminui o sentimento de estresse que uma rotina desestruturada pode ocasionar. Lembre-se: uma criança estimulada adequadamente tem mais capacidade de aprendizagem. Na primeira infância o cérebro está mais receptivo aos novos estímulos para adquirir habilidades novas, por isso, ela precisa de atividades que auxiliem o seu desenvolvimento sejam de estímulo físico, emocional, cognitivo.

 Caso perceba que mesmo orientando ela não está querendo realizar atividades que não sejam com o videogame é um sinal de alerta. A Organização Mundial da Saúde (OMS) descreve três padrões de comportamento que auxilia a diagnosticar um dependente tecnológico. Perceba esses sinais:

O primeiro padrão é quando o individuo não sabe a hora de parar, pode até tentar, mas não consegue, sendo capaz de faltar às aulas ou virar a noite jogando.

O segundo padrão é quando a pessoa deixa de viajar, sair com os amigos preferindo ficar isolado jogando. Não percebe a hora passar. Não se alimenta e nem faz sua higiene corretamente.

O terceiro é que por mais que o jogo possa ser prejudicial à vida escolar e também social o individuo não consegue se livrar dele.

Segundo o Psiquiatra Augusto Cury:

“Estamos assistindo ao assassinato coletivo da infância das crianças e da juventude dos adolescentes no mundo todo. Nós alteramos o ritmo de construção dos pensamentos por meio do excesso de estímulos, sejam presentes a todo momento, seja acesso ilimitado a smartphones, redes sociais, jogos de videogame ou excesso de TV. Eles estão perdendo as habilidades socioemocionais mais importantes: se colocar no lugar do outro, pensar antes de agir, expor e não impor as ideias, aprender a arte de agradecer. É preciso ensiná-los a proteger a emoção para que fiquem livres de transtornos psíquicos. Eles necessitam gerenciar os pensamentos para prevenir a ansiedade. Ter consciência crítica e desenvolver a concentração. Aprender a não agir pela reação, no esquema ‘bateu, levou’, e a desenvolver altruísmo e generosidade.

Ainda sobre a juventude Cury conclui:

Nunca tivemos uma geração tão triste, tão depressiva. Precisamos ensinar nossas crianças a fazerem pausas e contemplar o belo. O índice de suicídio tem aumentado. Suplico aos pais: os adolescentes precisam ser estimulados a se aventurar, a ter contato com a natureza, se encantar com astronomia, com os estímulos lentos, estáveis e profundos da natureza que não são rápidos como as redes sociais.”

Para auxiliar na reversão desses malefícios, manter o controle das emoções é fundamental. Oriente a trocar de jogo para um de menor dificuldade caso perceba que está com irritabilidade, faça analisar os motivos que o deixaram com raiva, realize meditação ou respiração profunda, praticar atividade física melhora o humor, aumenta a frequência cardíaca que por consequência o organismo libera endorfinas (conhecida como o hormônio do bem-estar), o que faz que se sintam melhores. Distrair a mente arrumando o quarto, varrendo o quintal, cuidando dos animais, plantas e até mesmo participando de atividades diárias fará com que os aspectos irritantes diminuam e a mente fique ocupada com outras funções.

Caso perceba que nada tem funcionado como deveria a procura de um profissional será importante e necessária para auxiliar no autocontrole e gerenciamento das emoções.

Deus abençoe e até a próxima semana,

Juliana Rauzer da S. Sousa

Pedagoga/Psicopedagoga/Especialista em Educação Especial

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