Artigo reeditado
Por: Dora Nunes
Semana passada, assistindo a uma matéria do Globo Repórter, me chamou a atenção quando falou-se sobre a guavira.
Sim, ela mesma, aquela frutinha típica do cerrado, verdinha, as vezes, meio amarelada, que com certeza, faz ou fez parte da infância de muitos de nós.
Quem não saiu para catar guavira? Afinal, naqueles bons tempos não existia tantos meios de comunicação, internet, jogos e para nós, crianças daqueles áureos tempos, essa era uma diversão e tanto. Mas havia o medo de cobras. Os mais velhos sempre diziam que por causa do calor elas poderiam ficar abrigadas embaixo das sombras dos pés de guavira, então, havia uma mistura de sentimentos: vontade de chupar guavira e medo de ser picado por cobra.
Vendo a matéria, lembrei da minha infância, dos meus tempos de criança e dos baixos dos meus 40 e poucos anos (baixo, pois sou pequena…hehehe) fechei os olhos e me vi entres os pés de guavira na chácara do meu pai junto com minhas irmãs, minha mãe e alguns amigos que sempre iam participar dessa aventura (sim, para mim era uma grande aventura, afinal sempre existia o perigo da tão perigosa cobra).
Quando a jornalista Cláudia Gaigher pegou uma das frutinhas, grande e de cor esverdeada e provou, sendo que esta deve ter explodido em sua boca e depois disse que guavira tinha gosto de guavira e que era difícil expliar, lembrando da doçura da fruta eu fiquei a pensar que o gosto da guavira é como o gosto da saudade; não se explica e só sabe o sabor quem já provou.
Nesse momento percebi que eu estava com saudades…saudades da ser criança e de ter simplesmente medo de cobra…saudades de ouvir a voz do meu pai gritando para eu esperar e ir com cuidado; saudade das risadas das minhas irmãs, então resolvi tentar por no papel essa saudade que me consumiu, mas a saudade é como a guavira…só quem a provou sabe do seu sabor. ( 10/03/2014 14h30)
Mãe, esposa, dona de casa, funcionária pública, advogada, enfim, mulher