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sexta-feira, 3 de maio, 2024
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De adobe e taipa de sebe, o berço do Estado! Por Rosildo Barcellos

Rosildo Barcellos

Miranda cantada em versos, Miranda contada em prosa, de façanhas sem fronteiras, de área portentosa, pelo desenvolvimento, pela hospitalidade, pelo exemplo sulino, pelas personalidades, a ti cidade sorriso, baluarte da nação, hei de honrar a tua flâmula, hei de amar o teu brasão, assim conta um trecho do Hino da cidade de Miranda, berço da história do Estado, possui um patrimônio histórico que remonta a Guerra da Tríplice Aliança, sendo palco de muitos acontecimentos que perenizam seus reflexos até os dias atuais. Fundada a partir da construção do Presídio Nossa Senhora do Carmo, do Rio Mondego, reduto construído pelo governador Caetano Pinto de Miranda, a mando do Capitão das Conquistas João Lemes do Prado, que desbravou os rios Mbotetei (Miranda) e Arariani (Aquidauana), encontrando as ruínas de Xerez, cidade fundada em 1579 e destruída pelos índios Guaicurus, e, que, na ocasião, tinha o objetivo de defender a região contra possíveis ataques dos (Castelhanos de Assunção). A 16 de julho de 1778, era chamada de Mondego, e em 1835, o local passou a se chamar Nossa Senhora do Carmo de Miranda e sua comarca encampou todo o Planalto do Amambai.

Em 1857, Francisco Rodrigues do Prado (irmão do fundador do presídio) consegue por meio de lei provincial transformar a localidade em vila com o nome de Miranda, sendo uma homenagem ao ex-governador que iniciou a construção do presídio. Entretanto, os homens de Francisco Izidoro Resquim, num total de cinco mil soldados, invadiram Mato Grosso, com uma coluna chegando até Miranda. A invasão se deu em 28 de dezembro de 1.864, por Bela Vista, tendo as tropas paraguaias chegando à vila de Miranda em 12 de janeiro de 1.865, causando destruição e se apropriando a maioria dos bovinos e equinos, existentes na Fazenda Imperial do Betione.

Com seu povo batalhador que buscava o progresso, a cidade é reconstruída novamente. No primeiro censo nacional realizado 94 anos depois, Miranda era a cidade mais populosa do sul de Mato Grosso com 3.852 habitantes. Atualmente a cidade possui cerca de 27 mil habitantes. Comemora-se a sua data de emancipação político-administrativa, em 16 de julho. Nesta data também é celebrado o Dia de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade e nome da Igreja Matriz. Há na cidade ainda vários prédios históricos, como o antigo e o atual prédio da Prefeitura, da Usina Açucareira Santo Antônio, da Igreja Matriz e o da Estação Ferroviária, inaugurado em 1912 e que, em 2009, foi reformado e reinaugurado. O piscoso Rio Miranda, corta o município e representa um atrativo para turistas que procuram a região para pescar e descansar.

Para isso, há diversos hotéis, pousadas e hotéis fazenda. Além do turismo, a pecuária também movimenta a economia, com as mudanças em relação à Estrada de Ferro, tem considerável importância a BR-262, que faz a ligação Corumbá/Bolívia e a região Sudeste do Brasil. Existem também comunidades indígenas que buscam manter as tradições. Uma das grandes aldeias da região fica cerca de 17 quilômetros da entrada do município e tem o nome de Cachoerinha, com uma população estimada em 10 mil índios. A aldeia é composta por cinco outras comunidades menores, sendo elas a Mãe Terra, Babaçu, Argolinha, Morrinho e Lagoinha. O sustento da comunidade vem de duas grandes atividades, sendo elas a agricultura e a produção de peças em cerâmica. Assim é Miranda, tradição a céu aberto e traduz a saga de gerações que se sucederam no tempo!

*Articulista

**Regionalismo: Adobe (tijolo cru) e taipa de sebe (pau a pique)