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sábado, 18 de maio, 2024
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Internações dobradas em uma semana; podem faltar leitos

Correio do Estado

O instrumento de pessoas contaminadas deve levar ao colapso do sistema de saúde

Mato Grosso do Sul tem 152 pessoas internadas em Covid-19, segundo dados do boletim epidemiológico divulgado ontem. O número total aumentou 54% em sete dias, e o secretário estadual de Saúde alertou para uma possível falta de leitos.

No dia 14 de junho, 70 pessoas estavam internadas em Mato Grosso do Sul, um paciente residente no Estado ocupado por outra unidade da federação. Agora já são 152 internados aqui, a maioria nos hospitais públicos (são 54 em leitos clínicos e 40 em unidades de terapia intensiva).  

Para o titular da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Geraldo Resende, esse crescimento de casos que afeta a internação é preocupante e reflete o aumento exponencial da doença que o Estado vem registrando há alguns dias. “Temos uma quantidade de leitos ainda insuficiente e, se houver uma explosão de casos com internação e não conseguirmos conter o avanço da doença, principalmente em Dourados, podemos ter falta de leitos em breve”, alerta.

O secretário afirmou que, para evitar que ocorra, o SES tentará ações com uma secretaria municipal para realizar o rastreamento de casos e contatos.

“Um exemplo de como executar nos surtos de Guia Lopes, Brasil e Três Lagoas, acreditamos que devemos fazer a mesma ação em Dourados, que é trabalhar com epidemiologia e atenção para monitorar casos e contatos, ver se estão cumprindo em quarentena, não estão saindo para contaminar outras pessoas, e verificar se o caso piorou ou não. Se você não fizer isso, os leitos clínicos e a UTI poderão ser insuficientes nos próximos dias ”, relatou Resende.

Já infectado e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, declarou que, com esse aumento no número de internações, deve crescer também os óbitos em função da doença.  

DISSEMINAÇÃO

“Campo Grande e Dourados estão acelerando o número de casos, então esse crescimento era esperado. É natural aumentar como internações: primeiro aumentado os casos; uma semana depois, crescem as internações; e, em outra semana, tem o aumento importante de mortes ”. Esse crescimento pode ser observado atualmente, já que, em uma semana, o Estado passou de 31 para 47 mortes até a manhã de domingo.

De acordo com o médico e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a pior situação deve ocorrer em Dourados, a cidade com o maior número de casos (1.807) e mortes (11) e que tem o número de contaminados dobrado a cada semana.

“O Estado viu o que aconteceu em outros estados, mas em algumas localidades não foi feito o que deveria e esse aumento é reflexo. Se nada for feito, será ainda pior. Se Dourados, nas próximas duas semanas, não tomar medidas mais restritivas, ocorrerá leitos de UTI e morrerá sem atendimento. Ou abre mais leitos ou fecha Dourados ”, disponível o infectologista.

Conforme informações de um médico da região, que prefere não ser identificado, há uma semana já não há leitos da UTI no Hospital Santa Rita, e, na semana passada, todas as vagas intensivas do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD ) também estavam ocupadas. Com isso, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), restabeleceu apenas o Hospital da Vida e o Hospital Evangélico (que atende por meio de um convênio com o município).

A falta de leitos também já é sentida em Campo Grande, tanto na rede pública quanto na privada. Na semana passada, a Unimed informou que já alcançará 80% da ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 na unidade hospitalar da Capital. Já a Cassems está com 63% de lotação no setor. O Hospital Regional teve que ativar o hospital da campanha porque uma oferta de vagas havia caído para 20% em apenas alguns dias.

Internações dobradas em uma semana; podem faltar leitos
Diante do quadro atual, o Estado já vê a necessidade de ativar o hospital de campanha em Campo Grande – Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado
 

LEITOS

Segundo ou secretário, apesar de Dourados ter algum tempo 38 UIT habilitado para funcionamento no tratamento de novos coronavírus, apenas 21 estavam efetivamente em disposição dos pacientes até o fim de semana.

“Não estão à disposição na sua íntegra. Pedimos para o município fazer uma revisão. Apesar de ter habilitado 38 [leitos], na verdade ou quantitativa não chega a esse numerário. Pedimos para a prefeitura repassar os recursos que o governo federal manda, e já entregamos para hospitais ”, relatou Resende.

Desses leitos que não estavam funcionando, segundo titular da Saúde, 10 estão no Hospital da Vida. “Os 10 leitos que estavam habilitados, e nenhum deles disponível na população, foram usados ​​[em funcionamento] após a nossa cobrança e cobrança do Ministério Público Estadual. O município de Dourados já havia sido habilitado para esses leitos, já havia recebido inclusive recursos do governo federal desde maio, quando havia enviado esses recursos adiantados por três meses seguidos em uma parcela única ”.

Ainda conforme o secretário, um dos motivos repassados ​​pela unidade para a não abertura dessas vagas foi a falta de profissionais para atuar nas unidades de terapia intensiva. Esse problema está sendo enfrentado tanto pelo Hospital de Vida quanto pelo Hospital Universitário da Universidade Federal de Grande Dourados, que precisa de cinco intensivistas, de acordo com Resende, para executar 10 leitos novos de UTI que são usados ​​na unidade nos próximos dias.

“Há muita dificuldade hoje em encontrar médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem preparados para enfrentar ou enfrentar doenças em algumas das regiões”, registrado ou titular da SES.

Outro problema alertado pelo secretário é a falta de contratualização entre o município de Dourados e alguns hospitais particulares do município, que tiveram leitos destacados para tratamento de Covid-19, mas esperam os recursos. “O Hospital Santa Rita e o Evangélico não estão recebendo porque não foi feita a contratualização”.

COBRANÇA

 “Se uma população não tiver compaixão, não tiver solidariedade com os outros, teremos dias terríveis no Mato Grosso do Sul. Principalmente quando as pessoas veem os índices de ocupação de leitos clínicos e a UTI diminui a cada dia. Em algumas cidades já está chegando no limite prudencial, ou não, não temos como expandir o número de leitos clínicos e, principalmente, leitos de UTI, porque nós mesmos temos profissionais habilitados para ir a essas regiões ”, declarou o secretário de saúde Geraldo Resende.