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terça-feira, 16 de abril, 2024
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Jovens relembram “pulseiras do sexo”: “Meus pais me proibiram de usar”


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As pulseiras inicialmente eram da amizade
Reprodução/João Humberto

As pulseiras inicialmente eram da amizade

Muitos millenials e jovens da geração Z  relembram de diversas polêmicas que aterrorizaram a infância. Junto das cartas de Yu-Gi-Oh do inferno e do disco ao contrário da Xuxa , as “pulseirinhas do sexo” deixaram os pais de crianças e pré adolescentes da época muito preocupados com o uso dos acessórios. Isso porque circularam boatos de que se tratava de um jogo erótico bastante inapropriado para a idade das fãs das pulseirinhas.


A pulseira era apenas um acessório de silicone, que poderia vir em cores vibrantes. Meninas  e meninos usavam apenas para colecionar. Mas diversos meios de comunicação da época veicularam reportagens sobre um suposto uso das pulseiras na Inglaterra, lá chamadas de ‘shag bands’. A brincadeira consistia em arrebentar a pulseira e praticar algum ato sexual indicado pela cor do acessório. 

Cada pulseira tinha um significado
Reprodução

Cada pulseira tinha um significado


A história se popularizou no Brasil e rendeu até banimento das pulseiras em escolas. Mas muitas crianças da época não entenderam o motivo da preocupação e hoje, mais velhos, relembram para o iG Delas como foi o desespero dos pais na época. 

“Meus pais proibiram de usar”

Letícia Martins, hoje estudante de enfermagem, era apenas uma criança de 9 anos na época. Ela conta que usava as pulseiras por diversão e que a informação de que tinham conotação sexual apareceu “do nada”. 

“Eu lembro como gerou um tabu e deu o que falar na época, quando meus pais descobriram os significados. Eles tinham me proibido de usar qualquer cor de pulseira, principalmente a preta, se não me engano, era a que tinha o pior significado”, conta. A preta, segundo os boatos significava fazer sexo. 

“Para mim não tem nada a ver sabe? Acho que o povo falou demais e não tem sentido, era apenas uma simples pulseira”, diz.

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“Reuniram os pais na escola para proibir as pulseiras”

Beatriz Lopes relembra que até em programas de TV as pulseiras foram tema. A graduanda em Jornalismo conta que na turma dela, era algo para trocar e se divertir e que nunca houve sexo envolvido. “Pessoal tinha braço cheio, havia troca, venda e todo mundo usava a sua maneira. Os roqueiros usavam preta, eu usava lilás com glitter e uma preta, mas trocava com minhas amigas e amigos, porque todo mundo gostava”, conta. 

Apesar da brincadeira inocente, Beatriz diz que foi algo bem inédito saber que haviam mensagens subliminares nas pulseiras. “Começou uma especulação de que essas pulseiras tinham era tinha uma mensagem subliminares. Lembro que na época a minha prima viu numa comunidade do Orkut que estava passando essa informação e que cada cor tinha um significado. Lembro também que isso passou até com o programa de domingo, tipo do Gugu”, diz.

A universitária conta que os pais começaram a ficar desesperados.  “Teve reunião na escola, para proibirem os alunos de usar isso, porque era muito perigoso. Aí as pulseirinhas sumiram”, conta. 

“A gente comprava de pacotinho”

Para a estudante Caroline Lopes, as pulseiras eram apenas brincadeira. “Eu tinha várias! Era apenas uma brincadeira, minhas amigas iam na feira e compravam várias, a gente comprava de cores sortidas. Primeiro, eu lembro que a gente usava aquela que era lisa e depois começou a ter um uma com glitter. Tipo, era meio transparente, tinha um glitterzinho. E era muito inocente, ningúem falava sobre”, conta. 

Como nos outros relatos, Caroline conta que o assunto ganhou força e a escola começou a proibir. “O pessoal começou a compartilhar que se alguém estourasse a pulseira, teria que fazer, então eu lembro que na van para ir para a escola, todo mundo escondia o braço, ficava desconfiado. Eu usava por ser bonito, não levava para esse lado sexual”, conta. 

“Era bizarro, era da amizade primeiro, depois virou sexo”

O estudante Yuri Sena conta que era algo inocente, de crianças. “Era absurdo, primeiro na escola era da amizade, todo mundo tinha várias pulseiras, depois começou a ter esse papo de sexo! Nunca vi fazerem nada, mas só de saber da lista dava medo, era um absurdo porque apenas crianças e adolescentes usavam, penso hoje que não faz sentido, a galera que usava tinha entre 13 e 15 anos sabe?”, comenta. 

“Eu usava apenas para assustar minha avó”

Como as cartas do Pokémon, desenhos japoneses ou usar tatuagens temporárias, as pulseiras do sexo também viraram assunto na casa do estudante Yan Campoi.

“Eu usava por pirraça. Adorava afrontar e assustar minha avó, tudo o que ela falava que era do diabo, que tinha drogas, eu ia e assistia o desenho ou usava, como as tatuagens temporárias de chiclete. Com as pulseiras do sexo, eu descobria quais eram mais pesadas, comprava e ia na minha avó falar o significado de cada uma”, conta. 

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Bem, como todos os relatos acima, eu também tinha pulseiras e tive que jogar fora, uma azul e uma vermelha. Até então, a brincadeira era inocente, ainda mais para uma criança de 10 anos. Mas logo apareceram os boatos e matérias sobre os riscos da ‘pulseira do sexo’. 

Eu, que nem sabia o que era sexo direito, aprendi até o que era um oral lendo uma página de jornal explicando os riscos das pulseiras. O pior: o nome da matéria era ‘Adeus à Infância’, sendo que eu só descobri o que era cada coisa lendo a matéria, e não arrebentando uma pulseira. Não sei o porquê, mas alguém do Secretariado colocou a página no quadro de avisos da escola que estudava, na altura dos olhos das crianças. Aquela página ficou por alguns anos e toda vez que eu passava e lia, queria rir da situação, porque não passava de um boato bem divulgado. 

Fonte: IG Mulher