Entre os dias 30 de junho e 2 de julho, lideranças indígenas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo estiveram reunidas, na capital paulista, para a etapa Sapopema da Conferência das Mulheres Indígenas. Promovido pelo Ministério das Mulheres, em parceria com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), o encontro integra o ciclo de mobilizações regionais que antecedem a 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas que acontece em agosto, em Brasília (DF).
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou o ineditismo da conferência voltada para mulheres indígenas e explicou que a proposta surgiu logo no início da criação do ministério, após as três edições da Marcha das Mulheres Indígenas. “Agora queremos reunir as mulheres para discutir um programa, uma política permanente. Este é um momento de oportunidade para construir políticas públicas a partir do nosso olhar e da nossa participação direta”, disse.
Guajajara citou como exemplo as soluções possíveis para áreas sobrepostas por títulos de posse emitidos na ditadura e defendeu o retorno das terras aos povos indígenas. “A quem interessa viver em um estado permanente de conflito, com os indígenas morrendo sem condições de ter segurança dentro de seus próprios territórios? Enquanto esse impasse se prolongar, a gente precisa encontrar outras formas de avançar”, afirmou.
A diretora-executiva da Anmiga, Joziléia Kaingang, destacou que as propostas vêm sendo construídas com base no protagonismo das mulheres indígenas e na valorização de seus saberes. “Estamos num momento importante para nós. É um momento de oportunidade pra gente construir a partir do nosso olhar, da nossa participação direta”, explicou. Joziléia reforçou que os dados reunidos nas etapas regionais servirão de base para a inclusão orçamentária. “Nenhuma dessas questões estão desconectadas. A gente discute o orçamento também a partir do dado que a gente tem”, completou.
Programação
Com duração de três dias, as Conferências Regionais reúnem mulheres indígenas de diferentes contextos para debates, escuta ativa e para a elaboração de propostas coletivas subdivididas por eixos temáticos. As discussões são organizadas em grupos de trabalho divididos em cinco eixos temáticos: Violência de Gênero, Saúde, Justiça Climática, Gestão Territorial, Educação e Transmissão de saberes ancestrais para o bem viver.
Além da etapa Sapopema, realizada com lideranças do Sudeste, o processo preparatório da Conferência das Mulheres Indígenas incluiu outras escutas regionais: Sumaúma (Acre, Roraima, Amazonas e Mato Grosso), que acontece em julho, e as etapas Castanheira (Rondônia, Pará, Amapá e Tocantins), Araucária (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), Jurema (Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia-Norte) e Mangabeira (Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Bahia-Sul), que já foram realizadas.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, marcou presença na etapa Mangabeira no mês de junho, quando destacou o protagonismo e a maior participação política de mulheres indígenas. “Essa conferência é para que vocês possam pensar e propor soluções sobre o que afeta o cotidiano de cada uma: violência, trabalho, produção, meio ambiente, clima. Vocês são guerreiras na defesa intransigente da preservação ambiental. Temos 860 mil mulheres indígenas no Brasil, pouco mais da metade da população indígena do nosso país, que precisam ser ouvidas, valorizadas e protegidas. Precisamos das mulheres, porque não é Brasília que muda a vida do povo brasileiro, é o governo federal junto com estados, municípios e movimentos sociais”, destacou.
A etapa nacional, denominada Copaíba, será em Brasília, no mês de agosto, e tem a expectativa de reunir 5 mil mulheres indígenas dos seis biomas brasileiros, em quatro dias de atividades. Estão programadas, além da 1ª Conferência Nacional das Mulheres Indígenas, a IV Marcha das Mulheres Indígenas: “Nosso corpo, nosso território: Somos as guardiãs do planeta”; e Ato Político Cultural.
Fonte: Ministério das Mulheres